Nos intervalos das gravações dos Heróis do Mar, Pedro Ayres Magalhães costumava procurar refúgio na guitarra clássica. Em 1987, o que começou por ser um escape deu à luz uma aventura inesquecível – a mais internacional de todas as bandas portuguesas leu o futuro com “Os Dias da Madredeus”, “um grupo de música portátil” formado pelo guitarrista e pelo teclista Rodrigo Leão, então baixista dos Sétima Legião. O álbum foi gravado no Teatro Ibérico de madrugada, inteiramente ao vivo, com um gravador digital de duas pistas e com os músicos a tocar descalços em cima de almofadas.
Essa memória com trinta anos é agora reposta em duplo LP de vinil e num CD simples de edição limitada. O alinhamento é igual ao da edição original, sendo este o primeiro verdadeiro restauro sonoro do álbum. O arranjo gráfico original da pintura de José Alexandre Gonefrey também se encontra presente, em capa dupla ‘texturizada’ com badanas.
Em 1987, o grosso da obra de José Mário Branco já estava registada. Dos sete álbuns agora reeditados, só o seguinte “Correspondências” de 1992 conhecera vida em vinil. Os posteriores “Ao Vivo” (1997) e “Resistir É Vencer” (2004) já pertencem à era do digital e, por isso, são agora revisitados em formato inédito. Da integral fazem parte álbuns que ajudaram a mudar a história de um país através das canções de protesto: “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”, de 1971, “Margem de Certa Maneira” de 1972, “A Mãe”, de 1978, “Ser Solidário”, de 1982, e “A Noite”, de 1985.
Alinhamentos e grafismos mantêm-se inalteráveis. O motivo das reedições é o 50º aniversário do EP de estreia “Seis Cantigas de Amigo”. Para 2018, está ainda planeada a edição de uma coletânea e de um disco de raridades que, caso se confirme, poderá trazer gravações inéditas.