Em 1938, o pintor francês Balthus criou uma obra que ainda hoje dá muito que falar – o quadro esteve exposto em Nova Iorque, mas acabou por ter de ser retirado por ferir a susceptibilidade de algumas das pessoas que o viram.
O quadro retrata uma menina de saia levantada, as pernas abertas, as cuecas à mostra, os braços esticados por cima da cabeça e os olhos fechados. Faz parte da coleção permanente do Met Museum, em Nova Iorque, e é apenas uma das obras de Balthus que retrata crianças de uma forma sexual, como sugere o nome de uma exposição feita em 2013 só com obras deste pintor – “Balthus: Cats and Girls — Paintings and Provocations” (‘Balthus: Gatos e Meninas- Pinturas e Provocações’). “Algumas das pinturas contidas nesta exposição podem perturbar alguns visitantes”, lia-se no aviso que constava na descrição desta coleção.
Milhares de nova-iorquinos indingaram-se ao ver a obra exposta no museu e realizaram uma petição que exigia a retirada do quadro da exposição permanente, alegando que se trata de uma imagem muito sexualizada para o aspeto infantil da pessoa retratada. Esta terça-feira, a petição estava quase a atingir o objetivo das 9000 assinaturas. Os subscritores dizem ainda que, em face do clima que se vive atualmente nos Estados Unidos – com os escândalos sexuais que têm vindo a público -, o museu tem a obrigação de não “romantizar o voyeurismo e a objetificação das crianças”.
De acordo com o New York Times, o Met decidiu não retirar a obra: “Momentos como os que se vivem hoje em dia dão-nos uma oportunidade de conversar sobre o assunto, e a arte visual é um dos meios mais importantes que temos para refletir tanto sobre o passado como o presente, encorajando a evolução contínua da cultura existente através de discussões informadas e o respeito pela expressão criativa”, disse àquele jornal Ken Weine, responsável pelo departamento de comunicação do museu.