Durante a entrevista à TVI, horas antes de apresentar a demissão no seguimento do caso Raríssimas, o ex-secretáriod e Estado da Saúde, Manuel Delgado, teve de corrigirir várias vezes a sua versão dos factos.
Delgado, que foi consultor da associação em 2013, disse que desconhecia a situação financeira da Raríssimas. No entanto, confrontado com um e-mail do antigo tesoureiro – onde era alertado para a necessidade de inverter a situação financeira da associação -, o ex-secretário de Estado disse que não se lembrava daquela correspondência.
O responsável foi ainda confrontado com o facto de receber um salário com subsídios do Estado, que devia ser usado para ajudar as crianças apoiadas pela instituição. "Tenho um contrato assinado com uma entidade que me contratou para ser consultor e, portanto, não vou dizer eu não recebo (…) Acha moral que eu preste um serviço e não seja remunerado por ele depois de um contrato assinado?".
Manuel Delgado negou ter exigido um ordenado de 12 mil euros, mas um e-mail da própria Paula Brito e Costa revelava isso mesmo. Confrontado com essa informação, o ex-secretário de Estado disse que tal informação “não corresponde à verdade”.
Em relação às viagens com Paula Brito e Costa, Manuel Delgado começou por dizer que viajou com a antiga presidente da Raríssimas apenas duas vezes. Confrontado com fotos de uma viagem ao Brasil, que tinha sido marcada pela Raríssimas, acabou por admitir que tal tinha acontecido e que tinha sido a associação a tratar da viagem porque “se calhar ficava mais económico”.
Recorde-se que Manuel Delgado pediu na terça-feira a demissão do cargo de secretário de Estado da Saúde, horas depois de ter dado a entrevista à TVI. Foi substituído por Rosa Zorrinho.