Pequim e Moscovo são os principais alvos a abater, de acordo com a estratégia concebida pela administração Trump para a Segurança Nacional. Divulgado durante a tarde desta segunda-feira e oficializado horas mais tarde pelo presidente dos Estados Unidos, o documento de 68 páginas recupera o núcleo duro da doutrina “America First” – “A América Primeiro” –, pregada por Donald Trump durante grande parte da campanha eleitoral e no seu discurso de tomada de posse, e que utiliza termos e expressões dignos dos tempos da Guerra Fria.
“Depois de descartada por se tratar de um fenómeno do século anterior, a competição das grandes potências voltou”, anuncia o documento, que se refere à China e à Rússia como “potências revisionistas”. “[Chineses e russos] estão determinados em tornar as economias menos livres e menos justas, em aumentar os seus exércitos, e em controlar a informação para reprimir as suas sociedades e expandir a sua influência”, acrescenta o texto, que propõe uma resposta assente na “reconsideração das políticas” norte-americanas “das últimas duas décadas”.
Numa intervenção no Ronald Reagan Building, em Washington, Trump confirmou a inauguração desta nova ordem internacional, catalogou a China e a Rússia como “potências rivais” dos EUA e da “prosperidade americana”, e assegurou que, enquanto estiver à frente dos destinos do país, não serão toleradas “violações, fraudes e agressões económicas” oriundas daquelas Estados. Por outro lado, garantiu que irá fazer de tudo para construir “uma grande parceria” com os dois, ao contrário do que fizeram os seus antecessores.
No seu discurso, o chefe de Estado norte-americano apontou ainda o dedo às agressões levadas a cabo pelo Irão e pela Coreia do Norte, e prometeu convencer Pequim a pressionar economicamente o regime de Kim Jong-un.
O tom do documento e da sua intervenção de ontem foi resumido por Trump numa envaidecida mensagem para todos os que a quiserem ouvir: “Menos de um ano depois, sinto-me orgulhoso por poder ver que o mundo inteiro ouviu as notícias e viu os sinais: a América está a regressar e está a regressar mais forte”.
Os “quatro pilares” da nova Estratégia de Segurança Nacional são, então, a “proteção do território”, a “promoção da prosperidade americana”, a “demonstração da paz através da força” e o “aumento da influência americana”. Ao descrevê-los, o presidente não fez qualquer referência às alterações climáticas, no seguimento daquilo que tem sido a sua postura em relação ao tema, igualmente manifesta na sua estratégia. Depois de já ter retirado os EUA dos Acordos de Paris, Trump optou agora por retirar as alterações climáticas da lista de ameaças à segurança interna dos EUA. O documento indica mesmo que Washington vai “contrariar a agenda energética anti-crescimento”.