A Ryanair garante que aceitou negociar com os sindicatos para evitar a greve dos pilotos. A companhia aérea de baixo custo irlandesa informou que se propôs negociar com os representantes sindicais dos pilotos, reconhecendo-os pela primeira vez como interlocutor, para evitar as greves agendadas em vários pontos da Europa, incluindo Portugal, nos próximos dias. Com esta mudança de posição a greve de pilotos foi “suspensa” em Portugal, de acordo com um comunicado ontem divulgado pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC).
Fonte próxima da empresa garantiu ao i que a greve esteve muito perto de continuar em cima da mesa e tudo por causa da data da reunião para tentar um entendimento. “Se a reunião apenas acontecesse no dia 20, que é o que a Ryanair pediu inicialmente, o mais provável é que existisse greve. A intenção era que fosse possível ser agendada uma reunião já para terça ou na quarta”.
No comunicado, a SPAC justifica que suspendeu a greve em por causa da “decisão da Ryanair em reconhecer o SPAC como a organização representativa dos seus pilotos em Portugal e o seu compromisso em iniciar negociações com o objetivo de estabelecer um acordo de empresa”.
Braço de ferro entre trabalhadores e Ryanair Ryanair e os trabalhadores da companhia aérea estão envolvidos num braço de ferro em que os segundos afirmam que os baixos preços das tarifas escondem más condições de trabalho e a transportadora a garantir que “não existem más condições de trabalho na Ryanair”.
Ao i, fonte oficial explicou que “os pilotos podem auferir até 80 mil euros por ano por voar, em média, 18 horas por semana, operando um horário de cinco dias a trabalhar, quatro dias de descanso, gozando de segurança de trabalho ímpar”. Ainda segundo a empresa, os tripulantes “podem ganhar até 40 mil euros por ano e gozar de ótimas condições de trabalho. É por este motivo que temos uma lista de espera de mais de 2500 pilotos e 3 mil tripulantes de cabina qualificados com vontade de se juntarem à Ryanair, num momento em que outras companhias aéreas (como é o caso da Monarch, Air Berlin, Alitalia) estão a negociar rescisões de contratos e cortes salariais e nas pensões”.
Uma imagem que é contrariada pela versão de alguns trabalhadores que denunciam a pressão para que sejam feitas vendas a bordo e as penalizações para quem não cumprir os objetivos. Falando de consequências pesadas em termos financeiros, mas não só.
No entanto, a companhia defende que o cenário apresentado pelos trabalhadores não é o mais próximo da verdade. Até porque, sublinha, todas as ajudas de custo são dadas aos colaboradores. “O staff da Ryanair não paga pelo seu uniforme. Todos os pilotos da Ryanair recebem um valor de ajudas de custo de seis mil euros por ano (cinco mil e quinhentos no caso do primeiro oficial) para cobrir gastos de cartões de identificação, uniformes, revisões médicas e snacks. Este valor perfaz uma média de 120 euros por semana, o que excede os gastos de uniforme e outras despesas diárias. Os tripulantes de cabina recebem um valor anual para uniforme de até 450 euros, que uma vez mais excede os custos que têm nesta área.”
Recorde-se que a Ryanair perdeu, em setembro, um processo no Tribunal de Justiça da União Europeia depois de ter tentado forçar os colaboradores que trabalham em bases fora da Irlanda a verem as disputas serem tratadas em tribunais irlandeses.