Donald Trump e a sua administração já definiram quem são os alvos a abater durante o tempo em que estiverem sob o teto da Casa Branca: Pequim e Moscovo. O documento que estabelece a Nova Estratégia de Segurança Nacional foi divulgado da passada segunda-feira, e rotula a China e a Rússia como «potências revisionistas» e «rivais» dos Estados Unidos e da «prosperidade americana».
«Depois de descartada por se tratar de um fenómeno do século anterior, a competição das grandes potências voltou», anuncia o texto, de 68 páginas. «[Chineses e russos] estão determinados em tornar as economias menos livres e menos justas, em aumentar os seus exércitos, e em controlar a informação para reprimir as suas sociedades e expandir a sua influência», lê-se ainda.
Na apresentação da estratégia – que recupera o núcleo duro da doutrina America First, pregada pelo Presidente durante a campanha eleitoral -, Trump confirmou o início desta nova ordem internacional e prometeu que não voltarão a ser toleradas «violações, fraudes e agressões económicas» oriundas da China e Rússia. E deixou outro aviso: «O mundo inteiro ouviu as notícias e viu os sinais: a América está a regressar e está a regressar mais forte».
As respostas dos visados não se fizeram esperar. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, condenou a «natureza imperialista» do plano americano e afirmou que o mesmo é exemplo manifesto da «persistente relutância [dos EUA] em abandonar a visão de um mundo unipolar e em aceitar o mundo multipolar».
Já Hua Chunying, do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, qualificou a posição norte-americana como «inútil», acusou Trump de estar a «distorcer os factos» e a «caluniar maliciosamente a China», e aconselhou o Presidente a abordar as diferenças entre chineses e norte-americanos de uma «forma construtiva». «Encorajamos EUA (…) a abandonarem esta mentalidade de Guerra Fria e o conceito ultrapassado que vê o mundo como um ‘jogo de soma zero’. Se não o fizerem, poderão causar danos a todos os lados», disse ainda.
Clima já não é ameaça
A nova Estratégia de Segurança Nacional norte-americana destaca-se ainda pela remoção das alterações climáticas da lista de ameaças à segurança interna do país. Na linha da decisão da administração Trump de retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris de 2015 sobre o clima, o documento refere mesmo que Washington vai «contrariar a agenda energética anticrescimento», em nome do desenvolvimento económico americano e para contrariar os Estados que, segundo Trump, mesmo estando no topo do ranking dos mais poluidores, saem reforçados com as medidas.