A empresa que vai fornecer em tempo recorde as 30 mil cartolas à Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa é detida por Pedro Calhordas, antigo autarca socialista em Estremoz.
A compra das cartolas – para distribuir gratuitamente na noite de passagem de ano na Praça do Comércio – foi adjudicada à Whitespace Creative Communication, Unipessoal, Lda por 57 mil euros, conforme o i revelou no início desta semana. Um dos pontos que está a levantar alguma polémica é o facto de a empresa não ser especializada neste tipo de artigos, mas sim um mero intermediário.
Ontem em declarações ao “Público” Pedro Calhordas rejeitou qualquer benefício devido à sua ligação ao Partido Socialista, alegando que foi indicado por uma pessoa que conhecia o seu trabalho. “Ligaram-me, apresentaram-me o trabalho e pediram-me um orçamento. Fiz os meus contactos junto dos meus fornecedores, para saber se o projeto era realizável num prazo apertado e apresentei o orçamento que é conhecido. Aceitaram e o resto é completamente público”, garantiu.
Este ano, o município de Lisboa vai gastar 650 mil euros apenas com os festejos de passagem de ano – concentrados na Praça do Comércio –, sendo que, destes, 57 mil são para a compra das 30 mil “cartolas plásticas brilhantes” – 15 mil exemplares “de cor vermelha” e outros 15 mil exemplares de “cor preta”. O preço contratualizado inclui “todos os transportes, meios e recursos necessários à prestação de serviços”.
Em novembro, numa conferência de imprensa em que apresentou as iluminações de Natal e as festas de passagem de ano, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa falou num investimento de 650 mil euros. Esta semana, porém, a EGEAC disse ao i que a passagem de ano custará 650 mil euros, ou seja, o valor apresentado por Fernando era parcial e não referente ao valor total dos gastos com Luzes de Natal e espetáculos de fim de ano.
CDS quer explicações O CDS reagiu ontem à polémica, através do vereador João Gonçalves Pereira, dizendo que é preciso que esta adjudicação seja esclarecida, dadas as ligações do proprietário da empresa escolhida ao PS.
“Não estamos a falar de uma fábrica que produza determinado tipo de produtos em plástico e por isso estamos a falar de um mero intermediário”, referiu o vereador, adiantando que era “importante que a EGEAC e o presidente da câmara estivessem disponíveis em primeiro lugar para divulgar aquilo que é o caderno de encargos que foi objeto deste ajuste direto” e, em segundo, “o contrato entre a Câmara de Lisboa e uma empresa de cervejas”, a Super Bock.
Gonçalves Pereira referiu ainda aos jornalistas, numa conferência de imprensa marcada para falar sobre os gastos com os festejos de ano novo, a falta de transparência na Câmara Municipal de Lisboa.
O outro caso de Calhordas Entre 2005 e 2009, enquanto autarca em Estremoz, Pedro Calhordas terá celebrado um contrato com aquela autarquia de perto de 58 mil euros – mas as suspeitas de incompatibilidades acabaram arquivadas, segundo a “Sábado”.
A adjudicação, que não terá sido através da Whitespace, foi mesmo abordada numa reunião ordinária da Câmara Municipal de Estremoz em março de 2010.
Pretendia-se perceber “se o membro da Assembleia Municipal de Estremoz, Pedro Dinis Areira Calhordas podia proceder à celebração de um contrato de prestação de serviços com a Autarquia”, noticiou a revista.
O caso não foi pacífico, tendo gerado posições diversas entre os deputados que estavam numa segunda reunião de câmara em que se abordou o assunto.