Inventar 2018, Graça Fonseca, secretária de Estado

Prever o futuro é algo que ainda não foi inventado. Este não é, por isso, um texto sobre o que vai ser 2018. É um texto sobre as invenções que desejo para 2018.

1,1 mil milhões de pessoas vive sem eletricidade. A escassez de água afeta mais de 2 mil milhões de pessoas.
Milhões de toneladas de plástico vão parar aos oceanos todos os anos. Estes não são apenas problemas de alguns países, são de todos nós. Desde logo porque todos nós queremos viver em paz e segurança. Mas muitos continuam a olhar para estes problemas como algo distante da sua vida, não percebendo que a sua resolução passa, também, por ações locais e individuais.   

É por isso que uma das tarefas mais importante deste século é projetar na vida individual e nos locais onde vivemos, os problemas de escala global.  

Compete aos Estados, empresas e às organizações internacionais uma parte muito substancial desta tarefa. A “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” adotada em 2015 pelas Nações Unidas constitui um contributo muito relevante nesse sentido. São 17 objetivos de desenvolvimento sustentável que devem estar integrados nas políticas, processos e ações dos governos nacionais e regionais.

Mas na medida em que a resolução de problemas à escala global depende, igualmente, de ações individuais, é muito importante a ação de entidades desde empresas e fundações à criatividade de empreendedores e startups. E existem bons exemplos de produtos e serviços desenvolvidos para dar resposta aos problemas enunciados na Agenda 2030. 
Para um uso mais eficiente da água existem soluções para reduzir o seu consumo na agricultura e nos espaços verdes e públicos das cidades, assim como mecanismos que atomizam o fluxo de água do chuveiro e o transformam em pequenas gotas. Como resposta à poluição dos oceanos, várias marcas da indústria da moda estão a usar plástico e redes de pesca ilegais retirados do mar para fabricar roupa, sapatos e acessórios. Para levar a eletricidade onde não existe e é necessária para prestar cuidados médicos, foram desenvolvidas soluções móveis de energia elétrica a partir da energia solar. E assim se contribui para diminuir uma média de 800 mortes por dia durante a gravidez e parto em vários países.  
São muitos os que contribuem com a sua ação e talento para um desenvolvimento global mais sustentável. Mas precisamos de mais. E o meu desejo para 2018 é que Portugal invente boas soluções para os problemas globais. Estado, empresas, fundações, ONG, startups, todos podem ser inventores. Basta existir talento e vontade de mudar o mundo. 

Por Graça Fonseca