Macron quer vender empresas do Estado e arrecadar 10 mil milhões

Presidente francês tem em cima da mesa a possibilidade de alienar a Renault, a Vinci e muitas outras. Presença do Estado na economia vai da área da defesa à indústria automóvel

Com os olhos postos nos planos de investimento que desenhou para este ano, Emmanuel Macron tem estado a preparar em França uma verdadeira “onda” de privatizações. De acordo com a revista “L’Expansion”, o governo conta atualmente com participações em mais de 80 empresas, num valor de cerca de 100 mil milhões de euros. Falamos de negócios nos mais variados setores de atividade e, por isso, a intenção de privatizar vai da Renault à Vinci. Neste sentido, a imprensa francesa dá grande destaque ao exemplo da Aéroports de Paris (ADP), responsável pela gestão dos aeroportos Paris-Charles de Gaulle e Orly. Tendo em conta as informações veiculadas por fontes de vários jornais franceses, Macron já terá mesmo escolhido o Bank of America para gerir as opções de venda que existem para esta empresa em específico. Neste caso, falamos de uma participação de 50,6%. 

Ainda assim, a agência responsável por gerir todas as participações do Estado garantiu recentemente que “o governo ainda não tomou qualquer decisão sobre as possíveis mudanças na ADP”. Seja como for, a maioria dos analistas acredita que Macron acabará por avançar com algum tipo de negócio, nem que este passe por uma venda parcial, porque é sabido que o presidente francês pretende criar um fundo de inovação que ascende a 10 mil milhões de euros. 

A verdade é que a semana começou com o “Financial Times” a afirmar que as privatizações eram um dos cenários mais prováveis em França e que a ideia de Macron era acelerar todo o processo. A publicação avançava que o mais certo era que as participações na energética Engie e na Française des Jeux também fossem alienadas este ano. Entre as outras possibilidades estava ainda a vontade do Estado de se desfazer de parte da sua participação na empresa de telecomunicações Orange.

De acordo com fonte ligada ao executivo, citada pelo “Financial Times”, o pilar de todas as decisões que estão a ser desenhadas é simples: “Se o Estado diminuir as suas participações, irá assegurar que essas empresas não vão parar a mãos fora da UE ou de França.”

Um ano de cooperação A União Europeia foi, aliás, um dos temas que marcaram o discurso de Macron para este novo ano. Para o presidente francês, este será, acima de tudo, um ano decisivo para reforçar a importância da cooperação entre França e Alemanha. A ideia é conseguir fortalecer a economia do Velho Continente face aos Estados Unidos e a China. 

“A Europa pode tornar-se um poder económico, social, na luta pelo clima, na ciência, e pode enfrentar a China e os EUA, com os seus próprios valores”, sublinhou o presidente francês, acrescentando que “o diálogo com a Alemanha é uma condição necessária para que a Europa consiga seguir em frente”. Também Angela Merkel diz que a Alemanha quer “laços mais apertados” com França.