Já há mais água no país, mas a seca ainda não acabou. O balanço foi feito ontem pelo ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, depois da reunião da Comissão Permanente do Conselho Económico e Social (CES), cujo tema foi o plano de combate à seca. “De uma maneira geral pode dizer-se que acima do rio Tejo já não existe qualquer situação de seca. A sul do rio Tejo ela existe, nomeadamente na bacia hidrográfica do Sado, e a quantidade da água das barragens em muito pouco ultrapassa os 20%, o que é preocupante”, disse o responsável pela pasta do Ambiente aos jornalistas. Segundo o ministro, a situação só se inverterá se houver mais “dois meses de chuva como está a chover hoje”.
Quanto ao futuro, Matos Fernandes mostrou-se positivo: a chuva que já caiu e que continua a cair é suficiente para o país “chegar bem até abril, sem sobressaltos”, disse.
O ministro admitiu ainda que o Alqueva pode ter um papel importante na escassez de água no sul, uma vez que pode levar água a muitas pequenas albufeiras nessa zona do país. Para Matos Fernandes, o “Alqueva tem, de facto, uma grande capacidade para que, de forma programada, possa levar a água a um número muito vasto de outras albufeiras de menor dimensão”, tanto na bacia hidrográfica do Sado, como na do Guadiana.
Para contornar algumas dificuldades e prevenir novos problemas com o abastecimento, Matos Fernandes anunciou que “os agricultores e as associações regantes vão ter de dizer qual a quantidade de água de que precisam” já no final deste mês. A ideia é depois transferir a quantidade de água necessária para essas bacias hidrográficas, para se evitar a escassez.
E para as empresas que gastam mais água, poderá haver más notícias este ano: o ministro admitiu que, para esses casos, o aumento de impostos está em cima da mesa.
Do lado da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), presente na reunião, o tom foi de alerta: a ajuda prometida pelo governo aos agricultores para fazer face aos prejuízos da seca “ainda não chegou”, denunciou o presidente Eduardo Oliveira e Sousa. Até agora, segundo o responsável, apenas 20 mil euros dos 15 milhões anunciados foram pagos. Aos jornalistas, Oliveira e Sousa defendeu a necessidade de haver “soluções como o Alqueva noutras regiões do país”. “Creio que é evidente que nós precisamos de equacionar, melhorar as condições de reservar água”, defendeu.