Desiludido, Alain Delon confessa: ‘Odeio esta época’

Considerado um dos homens mais bonitos do cinema, o ator francês falou a Valérie Trierweiller sobre a beleza, as mulheres e a morte.

Desiludido, Alain Delon confessa: ‘Odeio esta época’

Foi Valerio Tancredi n’O Leopardo, de Luchino Visconti, contracenou com Romy Schneider e Jane Birkin em A Piscina, de Jacques Deray, e, mais recentemente, até deu corpo a Júlio César em Asterix. Aos 82 anos, Alain Delon diz que já viveu tudo, que vai despedir-se do mundo sem arrependimentos e que odeia esta época.

«A vida já não me traz grande coisa. Conheci tudo, vi tudo. Mas sobretudo odeio esta época, vomito-a», disse enfaticamente o ator numa entrevista à Paris Match, conduzida por Valérie Trierweiler, a ex-mulher do ex-Presidente francês François Hollande. A entrevista é o prato-forte de uma edição especial da revista dedicada aos 60 anos da lenda do cinema francês, com o título  ‘Alain Delon, o Único’. E prossegue no mesmo tom. «Há estes seres que eu odeio. É tudo falso, é tudo falsificado. Já não há respeito nem palavra dada. Só o dinheiro é que interessa. […] Sei que vou deixar este mundo sem arrependimentos».

Antigo galã, considerado um dos homens mais bonitos da sua época, Delon fala longamente na entrevista sobre esse dom. «A beleza, lá estava. Toda a gente me dizia, a toda a hora. As mulheres diziam-me, e não apenas as mulheres. Quando me propuseram fazer cinema, coloquei a questão:‘Porquê eu?’. E o que me respondiam, falavam nessa beleza constantemente. Já a minha mãe mo repetia quando eu era miúdo. Na rua, as pessoas paravam para lhe dizer:‘Como é belo o seu filho!’. Mas ela não suportava que me tocassem».

Na entrevista, Delon falou também sobre a sua relação com o sexo oposto. «Tornei-me louco por mulheres muito cedo, e em particular pelas que tinham mais cinco ou dez anos do que eu. E quando voltei da tropa, estive a viver no Pigalle [a zona de Paris dos cabarés e dos bordéis]. Algum tempo depois, várias mulheres jovens trabalhavam e eu vivia disso. Elas eram doidas por mim porque consideravam que eu era bonito».

Hoje, revelou, vive sozinho. «Quase toda a gente morreu», disse à jornalista, recordando, provavelmente, Mireille Darc, com quem viveu nos anos 70 (falecida no final de agosto de 2017) e o seu amigo Johnie Halliday, que morreu em   dezembro passado. Sobre ter ou não companheira, declarou. «Não digo que não haja candidatas. Há umas dez, mas nenhuma me convém para acabar a vida». Por isso diz que quer terminar os seus dias na companhia dos seus cães, junto dos quais quer ser enterrado.