Administração Trump declara Rússia e China rivais

James Mattis, secretário da Defesa, apresentou hoje o documento de Defesa de Segurança Nacional 

O terrorismo internacional já não é o principal foco da estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, segundo o documento de Defesa de Segurança Nacional, revelado hoje pelo secretário da Defesa, James Mattis. Agora, as principais ameaças para a maior potência militar, política e económica do mundo são a China e a Rússia, duas potências consideradas "revisionistas".

Para Mattis, os Estados Unidos enfrentam "crescentes ameaças de potências revisionistas tão diferentes como a China e a Rússia". "Se nos desafiarem, será o vosso pior e mais longo dia", ameaçou o responsável pela Defesa norte-americana. Ainda assim, o documento admite que "as vantagens dos Estados Unidos estão a diminuir à medida que os Estados rivais modernizam e criam as suas forças convencionais e nucleares". 

Se as ameaças são reais, afirma o documento, o objetivo final mantém-se o mesmo: "a nossa tarefa é garantir que a superioridade militar norte-americana mantém-se, em combinação com outros elementos de poder nacional". 

"A competição estratégica entre Estados, e não o terrorismo, é agora a principal preocupação da segurança nacional norte-americana", pode ler-se no documento. E os rivais são claros:"China e Rússia desafiam o poder, influência e interesses americaos, corroendo a segurança e prosperidade da América".

A administração Trump reforça, mais uma vez, o seu compromisso em liderar na política internacional, defendendo que quando os Estados Unidos não tomam a dianteira, ameaças surgem. "Aprendemos a difícil lição de que quando os Estados Unidos não lideram, atores malignos ocupam o vazio em detrimento dos Estados Unidos. Quando a América lidera de uma posição de força e confiança e de acordo com os nossos interesses e valores, todos beneficiam", diz o documento de 68 páginas. 

Ao longo do documento, a administração de Donald Trump reforça a linha política do "América, primeiro" e não se coibiu de deixar avisos tanto para a Coreia do Norte como para o Irão. "Ao mesmo tempo, as ditaduras da República Popular Democrática da Coreia e a República Islâmica do Irão estão determinadas a desestabilizar regiões, ameaçando americanos e os nossos aliados, bem como em brutalizar os seus próprios povos". 

As linhas gerais da política de defesa nacional da administração norte-americana já tinham sido apresentadas pelo presidente Donald Trump em dezembro, mas este documento veio revelar definitivamente como o governo vê a realidade internacional e as ameaças aos interesses norte-americanos. 

As ameaças referidas não se distinguem das que foram definidas no passado pela administração Obama, mas a ordem de prioridades e estratégia são distintas, bem como o discurso para as legitimar. Para Elbridge Colby, subsecretário de defesa dos Estados Unidos para a estratégia e desenvolvimento, "esta estratégia representa realmente uma mudança fundamental para dizer que temos que voltar, em certo sentido, ao básico do potencial de guerra e essa estratégia terá como prioridade preparar para a guerra". 

Para a administração Trump, as críticas à NATO parecem pertencer ao passado. Depois de o presidente norte-americano a ter caraterizado como "obsoleta" e ter voltado atrás no que disse, agora considera que a participação norte-americana na organização internacional traz "vantagens inestimáveis", elogiando, ainda, as "fortes relações com os nossos aliados e parceiros".