Quem é o pai da Bitcoin?
A origem desta moeda virtual foi sempre um mistério e continua a ser alvo de especulação. Ainda hoje não é clara a sua paternidade. Em maio de 2016, Craig Wright, então com 44 anos, garantiu ter criado a moeda virtual. De acordo com a BBC, foram apresentadas provas que atestam a veracidade das declarações de Craig, que apareceu nesta altura como sendo o inventor do mecanismo financeiro. Em entrevista, o empresário garantiu que não quer fama e explicou os motivos desta revelação, feita tantos anos depois da criação da moeda virtual. Wright sublinha que a decisão não foi uma escolha e lamenta ter sido forçado a fazê-lo: “Eu realmente não queria ser o rosto de nada. Preferia não fazer isto. Quero trabalhar, quero continuar a fazer o que quero fazer. Não quero dinheiro. Não quero fama. Não quero adoração. Só quero ser deixado em paz.” No entanto, há um outro nome que tem sido associado a esta moeda. Vários sites ligados à tecnologia falam de Satoshi Nakamoto, ainda que nada se saiba sobre a nacionalidade. De acordo com algumas publicações da área, o sistema monetário digital existe desde o final de 1990, mas só começou a ter mais força em 2008, com nome Nakamoto associado. De quem se trata? Há quem diga que existe realmente, há quem diga que é pseudónimo, correspondendo a verdadeira identidade a Nick Szabo ou Hal Finney. Quando Craig Whight declarou ser o “pai” desta moeda, disse que Satoshi Nakamoto era apenas um pseudónimo.
Quanto valia no início?
Vários dados apontam para uma taxa de câmbio inicial de USD 1 = BTC (bitcoin) 1.309,03. Ou seja, em 2009 eram necessárias mais de 1300 bitcoins para perfazer um dólar! A primeira compra terá acontecido na Flórida e terá consistido numa pizza, em 2010. Depois disso, o valor já muito aumentou, desceu e aumentou. Em dezembro do ano passado, quando foi noticiado um ciberataque responsável pelo roubo de 54 milhões de euros em bitcoins, a moeda estava a valer 12 mil euros. Ainda neste mês, a moeda atingia o máximo histórico de 19.343 dólares. No entanto, muitos apontam para as oscilações do valor e tem deixado espaço para outras. A 10 de janeiro, o Jornal de Negócios sublinhava que a Ethereum, também uma moeda digital, estava a valer 1.417 dólares. A capitalização do mercado da Ethereum era nesta altura de 127 mil milhões. Disse Charles Hoskinson, um dos pais da Ethereum, que o mercado das moedas digitais vai ter um crash antes da consolidação. Recorde-se que, no dia 17 deste mês, várias notícias davam conta de que a Bitcoin tinha afundado cerca de 50% desde dezembro e que valia já menos de 10 mil dólares.
Podem chegar a valer zero?
As questões em torno do que pode ou não acontecer começam a multiplicar-se. Alguns questionam se as bitcoins podem desvalorizar até zero, como aconteceu com muitas ações após o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929. A 25 de dezembro de 2017, o Morgan Stanley, o terceiro maior banco de investimento do mercado financeiro global, afirmava que o futuro da bitcoin poderia vir a ser zero. Um analista ligado a este banco afirmava que é difícil justificar o valor do bitcoin e que este poderia chegar a zero em algum momento.
Há lojas que aceitam bitcoins?
Em setembro do ano passado havia, por um lado, um debate sobre a viabilidade das moedas virtuais. Por outro lado, alguns apenas negociavam com quem as usasse. De acordo com o Dinheiro Vivo, houve até quem vendesse apartamentos em troca deste pagamento. E, além de as bitcoins serem aceites como forma de pagamento, também há quem as receba como salário. Em notícia de dia 16 deste mês, o ECO avançava que uma trabalhadora da Laux, startup portuguesa, recebe 200 euros em bitcoin. Em entrevista, o CEO explicava que “ela tem contrato à parte, uma declaração simples entre nós os dois, a dizer que todos os meses, ao dia 27, às 7h07, é transferido o equivalente a 200 euros em bitcoin”.
E em Portugal?
Recentemente, o ECO fazia uma lista de empresas nacionais que já aceitam pagamentos em bitcoin. A publicação garante ser possível comprar perfumes, malas, bicicletas e até reservar hotéis. Como? Com recurso ao smartphone e a uma carteira digital. Mas haverá cada vez mais possibilidades. De acordo com a plataforma da bitcoin, para realizar e receber pagamentos é apenas necessário escolher a carteira, aceitar bitcoins como forma de pagamento. A plataforma garante ser possível “avaliar a experiência para ajudar as empresas a ganhar mais visibilidade”.
É vulnerável a hackers?
Há quem alerte para a possibilidade de uma repetição do “WannaCry” em 2018. Este foi um vírus que assustou pessoas e deixou empresas sem saber como se proteger de “hackers”. Alguns especialistas defendem que poderá haver “réplicas” este ano. De acordo com a página da moeda digital, “é preciso dizer que um conjunto completo de boas práticas e soluções de segurança intuitivas são necessárias para dar aos usuários uma melhor proteção do seu dinheiro, e para reduzir o risco geral de roubo e perda. Ao longo dos últimos anos, esses recursos de segurança desenvolveram rapidamente, como criptografia de carteira, carteiras offline, carteiras de hardware e transações multi-assinatura”.
Bancos aceitam bitcoins?
Recentemente, o Santander Totta disse que as transferências desta criptomoeda estavam bloqueadas a clientes, embora garantisse não ter “qualquer posição contrária às operações com criptomoedas”. A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias, segundo o qual há várias outras instituições bancárias que aceitam depósitos e transferências em bitcoins. Nessa lista encontram-se, de acordo com o DN, a Caixa Geral de Depósitos, o Banco CTT e o Novo Banco. Recorde-se que o Falcon Private Bank terá sido o primeiro banco convencional a oferecer-se para comprar bitcoins.
Digitalizar o euro e o dólar?
Muito se tem falado da valorização e da desvalorização desta e de outras moedas digitais. Mas há, avisam os economistas, outras questões a ter em conta. A digitalização do dinheiro é uma delas. Ao i, Filipe Garcia explica que são três as dimensões a ter em consideração: a digitalização do dinheiro, a tecnologia que está por trás e ainda a separação entre a existência de moedas e estados. Sendo esta última, de acordo com o economista, a mais complicada porque tem a ver com o facto de estas moedas serem descentralizadas na origem. “Não estão ligadas a nenhum país ou governo”, sublinha. Mas 2018 será decisivo porque se desenhará “o futuro das criptomoedas” e relembra que será apresentada uma solução comum da Alemanha e da França para as criptomoedas. Recorde-se que Paris e Berlim já fizeram saber que vão apresentar propostas comuns sobre a união bancária e a convergência fiscal. Entre março e junho vão ser discutidas medidas para uma maior integração na zona euro. E há prazos para encerrar um acordo sobre esta reforma: “finais de 2018”.
A digitalização da economia também vai ser um tema forte do encontro anual do Fórum Económico Mundial (FEM). De acordo com Borge Brende, presidente do Fórum, vão estar reunidos “cerca de 3 mil participantes e mais de 60 chefes de Estado e de governo”. Entre eles, estará Donald Trump. “Vamos receber o Presidente Trump como todos os outros chefes de Estado e de governo e todos os participantes na nossa reunião anual”.