Tudo aconteceu em outubro de 2016. Rui Centeno, historiador, descobriu um denário e um conjunto de outras moedas romanas num leilão em Madrid e reportou à Polícia Judiciária (PJ). "É um denário [antiga moeda romana] de prata, do período das guerras civis, dos anos 68/69 [do tempo do imperador romano Galba], e portanto é uma peça única (…), emitida na Península Ibérica, na Hispânia", explicou à Lusa o especialista com um doutoramento sobre "O furto e o comércio de património numismático – O caso do tesouro de denários do monte da Nossa Senhora da Piedade, em Alijó".
Depois da denúncia, a PJ abriu investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal e acionou os meios necessários para trazer o denário e restantes moedas para Portugal, onde chegaram hoje. A PJ garante que é património português, explicando que as antiguidades tinham desaparecido do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, no concelho de Alijó (Vila Real). Foram levadas do Santuário em 1985, depois de serem encontradas dentro de um ponte durante escavações arqeuológicas.
À Lusa, Rui Centeno explicou que o denário e a restante coleção de moedas podia, pela sua importância, ter sido vendida no leilão para o British Museum (Londres), o Museu de Berlim ou o Câbinet de Médaille em Paris.
"Temos uma moeda única e deve estar bem acautelada, porque hoje a numismática movimenta biliões em todo o mundo e isto é uma peça muito apetecível em qualquer leilão", alertou o especialista. As antiguidades vão agora ser acolhidas Museu Arqueológico D. Diogo de Sousa, em Braga.
Isabel Silva, responsável do Museu, assegurou à Lusa que as antiguidades vão poder ser vistas no museu ao longo deste ano. "Acabam por reentrar no museu e ser fruídas pelo público tantos anos depois. Isto significa que, por um lado, há uma polícia que está atenta e empenhada nestes processos de recuperação de obras de arte e, por outro, vem realçar a importância das coleções serem inventariadas e estudadas", afirmou.