Hoje é dia de Portugal em Davos, Suíça – por estes dias, a capital mundial. Na agenda do Fórum Económico Mundial (FEM) está o almoço “Porquê Portugal e porquê agora”, que tem como objetivo procurar atrair potencial investimento estrangeiro para o país. O primeiro-ministro será o principal orador de um evento promovido pelo governo e pela AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal).
Além de António Costa, estão também presentes os ministros da Economia, Caldeira Cabral, e das Finanças, Mário Centeno, que partilham a mesa com “dezenas de potenciais investidores estrangeiros” em Portugal, assim como editores e diretores de alguns dos mais influentes órgãos de comunicação social internacionais. Jornais como “The Guardian”, “Politico” ou “Der Spiegel” são alguns exemplos da lista de convidados.
“Nesta iniciativa, procuraremos passar a mensagem de que Portugal é uma boa aposta para se investir e fazer negócio agora”, afirmou uma fonte do governo, citada pela agência Lusa. Ainda hoje, ao final da tarde, António Costa estará presente na qualidade de convidado no “Web Summit reception” – uma iniciativa promovida pelo cofundador e CEO deste evento, o irlandês Paddy Cosgrave, que dará o testemunho de quem levou um evento mundial para Lisboa.
Já ontem, dia da abertura oficial do FEM 2018, Caldeira Cabral deu uma entrevista à agência Bloomberg em que o tema do investimento em Portugal esteve no centro da conversa. De acordo com o governante, Portugal está a “atrair mais serviços partilhados que deslocam parte da atividade para Portugal. Isso está a acontecer com o Reino Unido, mas também está a acontecer com empresas francesas e alemãs”. Segundo Caldeira Cabral, apesar de o Brexit ser mau para a Europa, ele deve ser gerido “de forma a conter os estragos e a garantir que o comércio continua aberto”.
O ministro da Economia apontou ainda que o crescimento da economia portuguesa está a ajudar os bancos e a gerar a confiança dos investidores. Segundo Caldeira Cabral, Portugal está a crescer em diversos setores e a atrair potenciais investidores de França, Alemanha, China ou Índia. O turismo é “a história que já se sabe”, disse o ministro à agência noticiosa, acrescentando que “menos conhecido é o facto de estarmos a crescer mais de 20% nas exportações de alguns produtos agrícolas e acima de 15% em produtos do setor automóvel, aeronáutica, mecânica e software”.
“Há alguns anos atrás não encontrávamos empregos e estávamos a emigrar para o Reino Unido e a Alemanha; agora são as empresas alemãs e francesas que estão a vir para Portugal e a investir.”
Sobre a dívida pública, a terceira mais alta da zona euro depois da de Grécia e Itália, afirmou que o crescimento do país vai ajudar as empresas a reduzir o endividamento e os bancos a diminuir o crédito malparado.
Atenção aos juros
O FEM 2018 arrancou com um sentimento geral de otimismo. Os mercados de ações estão em alta e o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu também em alta as projeções para a economia mundial – 0,2% este ano e também em 2019, para 3,9%.
No entanto, alertou o CEO do Barclays num dos vários debates do fórum, parece haver um espírito de “complacência”, uma vez que a combinação de mercados acionistas em máximos e volatilidade em mínimos não é “sustentável” no longo prazo. Para além disso, diz Jes Statley , há demasiada dependência de juros baixos. “Dadas as avaliações dos ativos e que temos um crescimento global de 4%, parece que estamos muito bem, em termos económicos, neste momento”, disse o CEO do banco britânico. “Mas temos uma política monetária da era da depressão. Temos muito pouca capacidade nos mercados de capitais para lidar com uma mudança das taxas de juro”, acrescentou.
Também Kenneth Rogoff considera que a subida dos juros poderá penalizar os países com baixo crescimento e uma dívida elevada. “Se os juros subirem, mesmo que modestamente, para meio caminho do seu nível normal, veremos um colapso dos mercados acionistas”, avisou o professor da Universidade de Harvard, EUA, e antigo economista-chefe do FMI.
“Se as taxas de juro subirem de forma significativa nos próximos 12 meses, há uma série de pessoas que fizeram empréstimos que não vão conseguir pagá-los”, diz também Anne Richards, CEO da M&G Investments. “Os mercados não estão a incorporar isso”, considera.