1. Liz Hannah
Não foi de Spielberg que partiu a ideia de fazer um filme centrado na revelação, primeiro pelo New York Times e depois, e decisivamente, pelo Washington Post, mas de Liz Hannah. Uma jovem produtora de Nova Iorque que depois de ter lido o livro de memórias de Kay Graham (Meryl Streep), a mulher que de dona de casa se fez figura central na história do jornalismo e da democracia norte-americana, decidiu que tinha que contar a sua história. Só depois chegou o realizador, que para trabalhar com Hannah no argumento chamou nem mais nem menos do que Josh Singer – argumentista de Spotlight, conhecido pela sua capacidade exímia de retratar exata e meticulosamente a rotina jornalística.
2. Uma decisão relâmpago
Depois de ter lido o argumento, que entretanto tinha já colhido elogios junto de Meryl Streep, Steven Spielberg, que este ano estreia também Ready Player One, diz ter tomado a decisão de realizar o filme e convocado vários dos nomes que compõem a equipa em apenas um dia.
3. 35mm
Com o diretor de fotografia Janusz Kaminski, Spielberg decidiu que The Post seria filmado em película de 35mm, num aceno ao cinema da década de 1970, à qual remonta a história. «Quis com o Janusz que parecesse que este não era um filme contemporâneo, e antes rodado nos anos 70», explica o realizador nas notas de produção. «Tem também muito a ver com a paleta e a temperatura das cores em coordenação com a iluminação que ele fez e também com um guarda roupa brilhante», a cargo de Ann Roth.
4. Uma Xerox 914
Os cenários de The Post foram com a máxima exatidão possível. Da redação da época do Washington Post à fachada do edifício do New York Times dos primeiros anos da década de 1970, até ao mais pequeno detalhe. A ponto de a produção ter ido à procura do modelo exato da fotocopiadora em que, ao longo de dois meses, Daniel Ellsberg fotocopiou, durante a noite, numa agência de publicidade, os Papéis do Pentágono: uma Xerox 914, que conseguiram emprestada do Museu da Xerox de Rochester, com a condição de não a ligarem à corrente. «Tivemos que criar a luz e a ação do papel a sair, mais foi uma descoberta espetacular», recorda Diana Burton, da equipa do filme. O mesmo para a gráfica recriada com a maquinaria da época – e os linótipos, que emocionaram Meryl Streep.
5. Justiça a Kay Graham
Reconhecido pela exatidão com que retrarou, logo em 1976, o trabalho de investigação em torno do caso Watergate levado a cabo pelos jornalistas do Washington Post Carl Bernstein e Bob Woodward, interpretados por Dustin Hoffman e Robert Redford, Kay Graham é uma figura ausente de Todos os Homens do Presidente, de Alan J. Pakula. O seu nome é mencionado uma vez apenas, numa conversa telefónica, do mesmo modo que também o livro homónimo de Bernstein e Woodward, publicado em 1974, a referia também apenas seis vezes. Um dos grandes méritos deste argumento de Liz Hannah e Josh Singer é recolocar essa figura-chave para a história do jornal de Washington e de todo o jornalismo, no lugar de destaque que merece. É afinal dela a decisão de publicar os Papéis do Pentágono, para o escândalo que abriria as portas para Watergate.