Urban Beach. A reabertura que foi discutida ao pormenor

Será seguramente a casa mais vigiada do país e reabre portas sábado, dia 27. Dois bombeiros em permanência e 95 câmaras estão a postos

Não há um único centímetro que não seja observado pelos “olhos” das câmaras. São 95 e filmam tudo no interior da discoteca, com exceção das casas de banho, e, no exterior, o Big Brother estende-se até dois metros nas laterais e nas traseiras, além de acompanhar os clientes desde o início da passadeira. 

Foram estas, além de muitas outras, as exigências do Ministério da Administração Interna (MAI) para permitir a reabertura da discoteca Urban Beach, em Lisboa, depois de a ter encerrado em novembro passado, quando três seguranças da PSG agrediram violentamente dois clientes no exterior da casa, já próximo das rulotes. O MAI alegou ainda que o fecho compulsivo se ficava a dever às 38 queixas por agressões e discriminação que terão ocorrido durante o ano de 2017.

“Eventualmente é agora uma das casas mais seguras do mundo”, garantiu o administrador do grupo K, Paulo Dâmaso, ao final da tarde de ontem, em conferência de imprensa. Durante o tempo em que esteve fechada, a PSP e a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) tiveram várias reuniões com os responsáveis da discoteca. Como um dos problemas apontados era a falta de cobertura total do sistema de videovigilância, decidiram instalar mais 33 câmaras, que se juntam às 62 existentes por forma a não haver nenhum “ponto morto” que fuja ao “olhar” das objetivas.

A discoteca reabrirá amanhã, apesar de já ter licença para o fazer desde quinta-feira, e terá em permanência um piquete de dois bombeiros que estarão presentes para o caso de alguma eventualidade. Estes elementos deram cursos de formação aos funcionários para estarem aptos no caso de alguma urgência. Desta forma resolve-se outra das exigências da ANPC, que queria um reforço da segurança contra incêndios.

A discoteca passará também a ter mais uma saída de emergência. Assim, no caso de ser necessário evacuar a casa, vai ser possível fazê-lo em “57 ou 58 segundos”, assegurou o administrador. Paulo Dâmaso reiterou que o mais importante “é e sempre foi a segurança dos clientes” e que a casa reabre este fim de semana com melhorias “acima do que é legalmente exigido”.

O fim do cartão de consumo

O Comando Metropolitano de Lisboa, através da divisão do Calvário, acompanhou a par e passo as alterações e concordou também com o fim do cartão de consumo obrigatório, que era pago quando os clientes pretendiam abandonar o espaço. E era nessas alturas, por vezes, que aconteciam desacatos, já que alguns clientes mais embriagados tinham perdido o cartão de consumo ou não tinham dinheiro para pagar o que haviam consumido. 

Para resolver o problema, os empresários do estabelecimento decidiram que, a partir de agora, quem paga consumo à entrada recebe um cartão ou senhas que darão direito a um determinado número de bebidas. Quando o crédito acabar, poderão sempre comprar mais senhas.

Embora não fosse uma exigência do MAI, a discoteca também mudou de empresa de segurança, deixando a PSG e passando a ter os serviços da Anthea, conhecida por trabalhar com Tony Carreira ou Cristiano Ronaldo. André Rodrigues, responsável da nova empresa de segurança do espaço noturno, esteve presente na conferência de imprensa e garantiu aos jornalistas que a empresa “é muito menos reativa e muito mais proativa” do que a concorrente.
Entretanto, durante os quase três meses em que a discoteca esteve encerrada, os funcionários terão recebido os ordenados com alguns atrasos, mas agora está tudo regularizado, segundo um dos responsáveis do espaço.

Com todas as exigências cumpridas, um funcionário do Urban interroga-se se todas as discotecas terão de cumprir as mesmas obrigações. “Haverá alguma casa que tenha um sistema de vigilância que cubra na totalidade a discoteca?” A resposta à pergunta terá de ser dada pelo Ministério da Administração Interna, que já pediu à PSP e à GNR que façam um levantamento de todas as discotecas do país para avaliar o risco de cada espaço.