Justiça. Foi esta a palavra que Filipe Albuquerque encontrou para descrever a vitória, juntamente com João Barbosa e o brasileiro Christian Fittipaldi, nas 24 Horas de Daytona. O piloto de Coimbra estreou–se a vencer a clássica norte-americana de endurance com o Cadillac DPi #5, da Action Express, e na hora da festa lembrou a frustração vivida no ano passado, quando perdeu o primeiro lugar nos últimos minutos para o carro da Wayne Taylor Racing. “Estou tão, tão contente. Depois do que aconteceu o ano passado, conseguir finalmente esta vitória é sinal para dizer: o mundo é justo. Foi uma corrida espetacular, fizemos o nosso trabalho de forma única”, realçou Albuquerque, assumindo a dificuldade do feito: “As últimas seis horas de prova foram muito duras. Para além de termos gerido o andamento para pouparmos o carro, chegou a uma altura em que me passava tudo pela cabeça. O motor estava a aquecer bastante e o mínimo barulho no carro deixava-me apreensivo. Procurei manter a concentração, mas estava a ser muito complicado. Quando finalmente vi a bandeira xadrez, foi uma sensação incrível. A melhor de todas. Uma explosão de alegria, um sentimento de justiça e de dever cumprido. Não há palavras para descrever tudo o que estou a sentir.”
O Cadillac dos dois pilotos portugueses e do sobrinho do antigo campeão mundial Emerson Fittipaldi partiu do terceiro lugar da grelha, mas cedo chegou à liderança da corrida. Acabaria por se manter nessa posição praticamente do princípio ao fim, apesar dos problemas de aquecimento nas últimas horas da prova. Durante a noite, quando começou a chover, o Cadillac #5 da Action Express, aí nas mãos de Fittipaldi, ainda deixou o primeiro lugar com as paragens nas boxes, mas a estratégia para reparar o carro – com a mudança de travões, por exemplo – acabou por resultar na perfeição.
A liderança viria a ser recuperada por Albuquerque, e João Barbosa, que já havia vencido a prova por duas ocasiões (2010 e 2014), cimentou-a. Albuquerque acabou por cruzar a linha da meta com 1m10.544s (quase uma volta) à frente do Cadillac DPi #31, também da Action Express, guiado por Stuart Middleton. Colin Braun e o seu Oreca LMP2 #54 fecharam o pódio da 56.a edição de uma das provas mais exigentes e desgastantes do desporto automóvel.
Félix e parente sorriram, lamy não Além dos dois vencedores, mais três pilotos portugueses marcaram presença na competição realizada nos Estados Unidos. António Félix da Costa terminou em quinto, apesar dos problemas que o Oreca LMP2 #78 da equipa Jackie Chan DC Racing Jota teve ao longo da prova, e ficou satisfeito com o resultado. “Ter lutado pelo pódio e acabar no top-5 na minha estreia aqui em Daytona é um grande resultado, tanto para mim como para a equipa. Tivemos alguns percalços durante a noite, com dois furos que nos fizeram perder algumas voltas, mas isso faz parte de uma prova como esta. Penso que não havia qualquer hipótese de lutar com os Cadillac, foram sempre muito mais rápidos que os LMP2, e este quinto lugar é sem dúvida um grande resultado para nós. Estou muito cansado, foram muitas horas a guiar com máxima concentração, mas com o sentimento de dever cumprido”, explicou o piloto de 26 anos.
Álvaro Parente, por seu lado, cruzou a meta com o seu Acura NSX GT3 #86 na segunda posição da categoria GTD (22.o da geral), com a vitória a sorrir ao Lamborghini Huracán GT3 #11 de Mirko Bortolotti. Já o Ferrari 488 GT3, da equipa de Pedro Lamy, quedou-se pelo 21.o posto entre os GTD e 44.o da geral, numa tabela com 50 competidores. “Não há muito a dizer… A prova estava a correr bem. O carro estava rápido e estivemos sempre entre os primeiros da categoria. Sabíamos que éramos fortes candidatos a um lugar no pódio. Mas este incidente provocou muitos danos no carro e tivemos de parar”, lamentou Lamy, referindo-se à saída de pista de Paul Dalla Lana.
Destaque ainda para a participação dos pilotos de Fórmula 1 presentes na categoria principal. O Oreca LMP2 #37, da equipa de Lance Stroll, terminou no 11.o lugar dos protótipos, com o Ligier LMP2 #23 de Fernando Alonso a ficar no 13.o posto da classe. Na classificação geral, porém, ambos ficaram atrás de vários carros das categorias inferiores (15.o e 38.o).