Novak Djokovic e Andy Murray têm 30 anos e Stan Wawrinka 32. Todos exibem um estilo violento para o físico e não admira que se lesionem numa altura das suas carreiras em que a juventude já passou e, como cantava António Variações, «o corpo é que paga… quando a cabeça não tem juízo».
Murray, Wawrinka e Djokovic levaram ao limite as suas lesões, insistiram em jogar magoados e no passado mês de julho, após o torneio de Wimbledon, anunciaram que não competiriam mais em 2017, para que o corpo recuperasse.
O escocês e o sérvio evitaram ‘ir à faca’ e preferiram tratamentos intensivos para debelarem problemas na anca e no cotovelo, respetivamente. O suíço, pelo contrário, submeteu-se a duas intervenções cirúrgica a um joelho.
A decisão de uma longa paragem foi inspirada em Roger Federer, agora com 36 anos, que também interrompeu radicalmente a sua carreira depois de Wimbledon 2016, só regressou à competição em janeiro de 2017, isto é, seis meses depois, e logo no primeiro torneio em que participou conquistou o Open da Austrália pela quinta vez.
Djokovic foi o único a admitir que o sucesso de Federer influenciou-o a seguir-lhe o exemplo um ano depois, mas tenho a certeza de que os outros dois pensaram de forma semelhante.
Os três cumpriram o prometido, mas o resultado foi bem distinto do de Federer. Seis meses depois de terem feito um compasso de espera nas suas carreiras, Murray, Wawrinka e Djokovic não só não conheceram o êxito de Federer um ano antes, como saíram de Melbourne com sérios motivos de preocupação.
Murray viajou à Austrália, mas desistiu antes de começar o primeiro torneio do Grand Slam. A anca não estava ainda em condições e sentiu que não tinha outro remédio senão ser operado, atravessando agora um período de convalescença.
Wawrinka e Djokovic também desistiram dos torneios de preparação para o Open da Austrália por continuarem lesionados, mas arriscaram jogar em Melbourne e o resultado foi o que se viu – eliminações na segunda ronda do suíço e nos oitavos de final do sérvio.
Foi penoso ver o poderoso ‘Stan The Man’ coxear e o divertido ‘Djoker’ contorcer-se em esgares de dor no cotovelo.
Só Murray ouviu os conselhos de Federer meses antes: «quando regressas deves estar a 100 por cento, caso contrário sentes que não consegues derrotar os melhores nos grandes torneios. É prudente prolongar a paragem por umas semanas ou um mês se necessário».
No ténis diz-se que é preciso saber ‘ouvir o corpo’. Wawrinka e Djokovic foram ‘surdos’ e pagaram caro. Terão aprendido a lição?