"Tenho os inimigos certos. Que mais posso desejar?", questiona Nuno Artur Silva numa publicação feita na rede social Facebook.
O administrador da RTP reagiu assim à notícia do Conselho Geral Independente (CGI) da RTP que decidiu não o reconduzir para um novo mandato à frente da RTP. O único administrador que irá renovar o mandato da televisão pública Gonçalo Reis.
"Fui alvo de uma campanha difamatória reles, miserável, sem escrúpulos, lançada precisamente neste momento com o intuito de impedir a minha continuidade na administração da RTP", escreveu Artur Silva. Em causa está o comunicado da Comissão de Trabalhadores que denunciou a situação de conflitos de interesses por o administrador continuar a ser detentor da Produções Fictícias e do Canal Q.
Artur Silva revelou ainda ter sido "inundado por manifestações de pessoas que, não tendo contacto com tabloides onde trabalham pessoas que se fazem passar por jornalistas e que representam a pior escumalha da comunicação social", lhe dizem que "não percebem o que se passou e que estão a gostar cada vez mais desta RTP e a encontrar nela a evidência de serviço público".
Sobre o cargo que desempenhou, o ainda administrador afirma terem sido "três anos empolgantes em que, com excelentes equipas, pudemos concretizar muito do que acreditávamos que devia ser feito". Para o futuro, Artur Silva diz que vai regressar ao lugar de sempre: "um qualquer sítio onde possa ter ideias, escrever e desenvolver projetos com outras pessoas". "Continuarei sempre a fazer o que gosto. Com quem gosto", garante.
Segundo o comunicado da CGI, a permanência de Artur Silva na administração é "incompatível com a irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados, cuja manutenção não é aceitável". No entanto, o CGI afirma que não verificou "que isso tenha sido lesivo da empresa, no decurso do seu mandato" e reconheceu ainda o "modo altamente meritório e sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa" com que o administrador liderou a "reconfiguração estratégica da política de conteúdos da empresa, numa ótica de serviço público de media".