A União Europeia quer garantir um mecanismo de suspensão do acesso do Reino Unido ao mercado único depois do Brexit. O poder para suspender “certos benefícios” faz parte de um projeto de acordo entre Bruxelas e Londres que chegou ontem à imprensa. Para o governo de Theresa May, refere a BBC, o documento apenas reflete “diretivas estabelecidas”, mas Nigel Farage, eurodeputado, ex-líder do UKIP e um dos principais rostos da campanha do não à Europa, considera que a oferta de acordo visa criar uma “Vichy britânica”, referindo-se ao regime colaboracionista francês, fantoche nas mãos da Alemanha nazi.
Com o reinício das negociações sobre o Brexit, ontem, não só o governo conservador britânico parece não ter ainda bem definido o que aceita e não aceita nas negociações em Bruxelas como ainda não conseguiu acalmar as hostes dentro do seu partido. Aliás, uma e outra coisa parecem estar ligadas, porque a definição de limites é algo que separa os tories mais eurocéticos dos mais pró-europeus.
Ainda na segunda-feira à noite, Anna Soubry, uma deputada pró-europeia, apelou a May para expulsar os eurocéticos do partido: “Já é mais do que tempo de Theresa os encarar e pô-los fora”, afirmou, citada pela BBC. Falava Soubry de 35 defensores do Brexit de linha dura que têm uma abordagem económica à saída do Reino Unido da UE que prejudica a posição de Londres. Os radicais eurocéticos querem a saída do mercado único e da união aduaneira e uma política de comércio externo independente.
May voltou a referir ontem, em Manchester, que “o partido e o governo estão focados numa coisa bem clara que temos de fazer, que é aquilo que o povo britânico nos pediu para fazer: sair da UE”. A primeira-ministra mostrou-se “otimista” em conseguir um bom acordo para o Reino Unido.