O consumo de canábis aumentou, ao mesmo tempo que o álcool continua a matar mais do que as drogas. As conclusões são do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e foram divulgadas nos mais recentes relatórios “A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências 2016” e “A Situação do País em Matéria de Álcool 2016”, apresentados ontem na Assembleia da República.
“Entre 2012 e 2016/17 verificou-se um agravamento do consumo de canábis, ao nível das prevalências de consumo recente e das frequências mais intensivas: mais pessoas a consumir e mais com padrões de consumo diário (mais de três quintos dos consumidores recentes)”, lê-se no documento dedicado às drogas. Especial ressalva é feita em relação às mulheres, grupo que aumentou os consumos de forma significativa, e às faixas etárias de 25-34 e 35-44 anos, que também registaram um consumo mais acentuado. Os homens continuam a ser quem mais consome.
Segundo dados do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses avançados nos documentos, em 2016, “dos 208 óbitos com pelo menos uma substância ilícita ou seu metabolito e com informação sobre a causa de morte”, 27 foram provocados por overdose (note-se que não é possível morrer de overdose de canábis). Regista-se assim uma diminuição, ao fim de dois anos de aumento. No campo do álcool, “dos 810 óbitos positivos para o álcool e com informação sobre a causa de morte”, 45 tiveram a intoxicação alcoólica como causa.
Boas notícias Quanto às restantes drogas, em 2016 não houve aumentos no consumo. Mas as boas notícias não ficam por aqui. “Portugal continua a surgir abaixo dos valores médios europeus relativos às prevalências de consumo recente de canábis, de cocaína e de ecstasy (e ainda mais quando se trata da população de 15-34 anos), as três substâncias ilícitas com maiores prevalências de consumo recente em Portugal”, faz saber o documento dedicado às subs-tâncias ilícitas.
E há mais: em 2016, o número de de toxicodependentes em tratamento aumentou. Nesse ano “estiveram em tratamento 27 834 utentes com problemas relacionados com o uso de drogas”, refere o relatório.
O número vem contrariar a tendência dos últimos anos, pautada por um decréscimo desde 2009. Motivo de satisfação é também o número de utentes readmitidos em 2016. “Quanto aos utentes readmitidos, pelo quarto ano consecutivo que se constata uma diminuição, sendo os valores dos últimos quatro anos os mais baixos desde 2010”, lê–se no relatório.
Outras conclusões Em que zonas do país são consumidas mais drogas (sem especificação)? Entre os 15 e os 74 anos, a distinção vai para os Açores e para a região Norte. É também nessas zonas, a par da região Centro e Lisboa, que mais pessoas entre os 15 e os 34 anos consomem. Por outro lado, é no Alentejo que se verifica o menor consumo de drogas. Relativamente ao álcool, nos Açores, Algarve e Área Metropolitana de Lisboa, entre os 15 e os 74 anos, verificou-se um consumo acima do valor nacional.
O SICAD deixa um alerta em relação ao álcool: em 2016, o número de utentes em tratamento devido a problemas relacionados com o consumo de álcool continuou a aumentar, fixando-se nos 13 678 (contra 12 498 em 2015). Desses, 686 eram readmissões, e 3759 novos utentes.