O YouTube tornou-se “um poderoso instrumento económico e político-social, capaz de influenciar e gerar mudança de comportamentos”

O i fez um pergunta e responde com a psicóloga e professora universitária Leandra Cordeiro sobre a influência do Youtube na sociedade atual

Acha que, hoje em dia, os youtubers têm muita influência na sociedade em geral? O YouTube revolucionou a nossa sociedade atual? Se sim, acha que vai continuar a revolucionar? 

Se, inicialmente, o YouTube parecia ter um caráter maioritariamente de entretenimento, hoje ele é um poderoso instrumento económico e político-social, capaz de influenciar e gerar mudança de comportamentos. Não quero com isto dizer que é mais poderoso do que outro ou do que a própria televisão foi no passado. Devemos sempre analisar estes fenómenos de forma contemporânea, contextualizada e longe dos discursos radicais que este é pior ou melhor do que qualquer outro. Na minha opinião, talvez seja uma forma espontânea, original, inteligente e bem-disposta de interagir com um público mais jovem ao mesmo tempo que permite uma interação diferente dos outros canais, possibilitando uma proximidade e um acesso difícil de igualar. Depois, o facto de os youtubers serem jovens como eles permitem uma projeção e identificação fácil, mas atenção: a proximidade do ídolo torna-o mais frágil e, obviamente, mais volátil que aquele que permanece mais longe e, ao mesmo tempo, mais intocável, e nesse sentido mais sobrevivente. 

Como está este fenómeno novo de vídeos a mudar a sociedade? Acha que esta mudança é positiva?

O público mais jovem, sempre sedento ou à procura de experiências e tendências, rapidamente se torna um alvo mais fácil de influências, mas, como em qualquer outro meio, não consigo categorizar se a mudança que daí decorre é positiva ou negativa. Há coisas boas e coisas más, e em camadas mais novas, a informação, tal como nos outros meios, deve ser sempre supervisionada e controlada pelos mais crescidos de modo a haver um controlo e um acesso saudável, permitindo conteúdos adequados. No entanto, estou convencida que seguir um youtuber é um fenómeno mais volátil e efémero, sendo rapidamente substituído por outro. A tendência vlog parece seguir a necessidade voyeurista e atual de olharmos para a vida dos outros sem pensarmos muito bem na nossa, procurando respostas mas, ao mesmo tempo, bodes expiatórios, o que pode, num primeiro momento, parecer muito libertador. 

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