Sabe-se pouco, muito pouco, do que se passou no interior do voo 703, que descolou de Moscovo este domingo, às 14h21 locais, em direção a Orsk, uma pequena cidade na fronteira com o Cazaquistão, na zona central da Rússia. Sabe-se, porém, que não passou muito tempo no ar e que, apenas seis minutos depois de ter partido da capital, registou uma queda abrupta de altitude ainda não havia terminado a ascensão, que a tentou corrigir e que em poucos segundos se despenhou nos arredores de Moscovo, despedaçando-se contra a profunda camada de neve que nos últimos dias caiu sobre a zona da capital. Levava 71 pessoas a bordo. Morreram todas, incluindo três crianças.
Está tudo em aberto menos a morte dos 65 passageiros e seis tripulantes do Antonov AN-148 que acabou em destroços a uns 80 quilómetros de Moscovo, perto da vila de Stepanovskoe. O AN-148 é um modelo recente, concebido para pequenas viagens, no máximo de uns quatro mil quilómetros, e cujo primeiro voo comercial se realizou há menos de dez anos, em 2009. O aparelho que se despenhou este domingo tinha apenas sete anos. O engenho é usado pelo presidente Raúl Castro para viajar dentro de Cuba e, em 2014, viu-se um modelo nas mãos do líder norte-coreano Kim Jong-un, num vídeo de propaganda do Estado em que o jovem ditador o pilotava nos céus da Coreia.
O presidente russo, Vladimir Putin, deu as condolências às famílias e ordenou que se criasse uma comissão especial de inquérito ao acidente. De acordo com o Ministério das Situações de Emergência, o governo abriu já uma investigação criminal à queda do avião, mas ninguém exclui ou se inclina para um dos três suspeitos do costume, mesmo que por estes dias neve em proporções invulgares.
Como em qualquer outro caso, as principais vias de investigação são sobre condições meteorológicas, erro humano ou falha técnica. Segundo a informação oficial, o voo 701 não deu qualquer sinal de alerta às torres de controlo moscovitas, que dizem ter perdido o sinal em silêncio, mas o portal Gazeta.ru avançava este domingo que o piloto comunicou uma falha técnica antes da queda.
Tudo indica que as operações de resgate sejam demoradas.A área por que se espalham os destroços é grande, a neve profunda, e a maior secção de destroços ainda não tinha sido alcançada por terra até à noite de ontem. O governo destacou helicópteros, bombeiros e equipas de salvamento, mas à hora de fecho desta edição apenas se haviam recuperado dois cadáveres – os restantes podem exigir reconhecimento por ADN. “Precisamos de equipamento pesado”, explicava este domingo Andrei Kulakov, o governador de Ramenskoe, o distrito onde o avião se despenhou.
A lista de passageiros e tripulação foi publicada este domingo à noite, horas depois do desastre. A agência russa Interfax avança que, salvo por um cidadão suíço, os passageiros eram todos russos e, na sua grande maioria, habitantes da cidade de Orsk.