“A Sonangol recebeu os dividendos da GALP e pagou os impostos referentes aos mesmos dividendos as autoridades holandesa s#sonangol”, reagiu a empresária na sua conta do Twitter, à acusação de desvio dos dividendos da empresa energética portuguesa, onde a petrolífera angolana é acionista.
A Sonangol diz não ter recebido dividendos da Galp, que totalizam os 438 milhões de euros, entre 2012 e 2016. Este montante terá sido pago à Esperaza, detida pela Sonangol e por Isabel dos Santos. Mas a petrolífera angolana não terá registo destes pagamentos.
A empresária e filha do ex-presidente de Angola foi exonerada da presidência da Sonangol em novembro pelo novo presidente angolano, João Lourenço. Para o seu lugar foi nomeado Carlos Saturnino.
No sábado, o semanário Expresso noticiou que entre 2006 e 2016, a petrolífera portuguesa distribuiu 2,76 mil milhões de euros em dividendos. Destes, 973 milhões foram entregues à Amorim Energia, holding controlada em 55% pela família Amorim e em 45% pela Esperaza, detida em 60% pela Sonangol e em 40% por Isabel dos Santos.
Entre 2012 e 2016 a Esperaza deveria ter recebido, indiretamente, 438 milhões de euros de dividendos relativos à Galp, pelo que a Sonangol, enquanto sua acionista, deveria ter direito a cerca de 260 milhões (o equivalente aos 60% da sua participação).
Segundo o semanário, depois de Isabel dos Santos ter sido afastada da presidência da Sonangol, a equipa de Carlos Saturnino constatou não haver registos, nas suas contas, dos dividendos que deveria receber pela sua participação na Galp.
O mesmo jornal escreve que o atual presidente da Sonangol terá levantado a questão dos dividendos numa viagem que fez recentemente a Portugal e cita uma fonte da presidência de Angola que afirmou que "depois do que aconteceu no setor mineiro com a Sodiam, chegou agora a vez de a Sonangol envolver-se numa batalha para reaver os seus direitos. Uma situação que não vai deixar tranquilo o antigo presidente ".
Questionada pelo Expresso, a Galp não responde se a Sonangol já alguma vez se tinha queixado de não ter recebido dividendos.
Já em dezembro, o “Correio da Manhã” noticiara que a Sonangol enviou uma queixa-crime à Procuradoria Geral da República de Angola contra Isabel dos Santos, precisamente alegando desvios de dividendos pagos pela Galp.