O vice-presidente americano, Mike Pence, que ficou à margem da euforia diplomática do fim de semana nos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, abriu ontem e de forma inédita as portas a negociações entre os EUA e as duas Coreias, uma hipótese que apenas no domingo rejeitara liminarmente. “A ideia é que a pressão não se aliviará até que eles façam alguma coisa que represente um passo nítido no rumo da desnuclearização”, disse Pence ao “Washington Post”, numa entrevista dada no regresso da Coreia do Sul e publicada ontem. “A campanha de pressão máxima continuará e intensificar-se-á. Mas se quiserem falar, nós falamos”.
O aparente passo atrás na rigidez americana acontece depois de um fim de semana em que os enviados norte-coreanos aos Olímpicos, liderados pela irmã e conselheira de Kim Jong-un, Kim Yong-nam, insistiram nos sinais de reaproximação diplomática entre as Coreias e tomaram até o passo raro – mas não inédito – de convidar o presidente sul-coreano a visitar a capital do Norte para lá se realizar uma cimeira intercoreana “o mais cedo possível”.
À medida que os dois governos coreanos almoçavam e reuniam num clima aparentemente apaziguador, os responsáveis americanos e japoneses assumiram uma postura mais férrea, repetindo a leitura de que Pyongyang está numa “ofensiva de charme” destinada a “ganhar tempo” e enganar Seul. “Já dissemos há algum tempo que cabe aos norte-coreanos decidir o momento em que estão dispostos a entrar em contacto de forma significativa”, disse, também ontem, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, que no passado foi travado por Trump quando tentava abrir um canal de diálogo com Pyongyang.