O procurador-geral do estado de Nova Iorque apresentou no domingo um processo contra o infame produtor de Hollywood Harvey Weinstein e a empresa que criou com o irmão Bob, travando à última hora a venda da companhia e possivelmente condenando-a à bancarrota. O procurador, Eric T. Schneiderman, uma figura mediática nos Estados Unidos devido aos processos que tem também em aberto contra o presidente Donald Trump, abriu o processo momentos antes de uma antiga responsável do governo de Barack Obama finalizar a compra da empresa, prometendo não despedir nenhum trabalhador, abrir um fundo de compensação para vítimas de assédio sexual às mãos de Weinstein e dar 275 milhões de dólares pela empresa, que tem hoje 225 milhões de dólares em dívida. O negócio, que foi adiado com a abertura do processo e pode agora nunca se realizar, assegurava-se de que Bob e Harvey não receberiam um único dólar pela venda.
Schneiderman defende que a empresa é cúmplice dos abusos sexuais cometidos por Harvey Weinstein, uma vez que funcionários, altos responsáveis e proprietários estavam a par da cultura criminosa da sua principal figura e que a encobriram em vez de a comunicar às autoridades. O procurador nova-iorquiano defende que a venda da empresa prejudicaria a responsabilização de quem encobriu e participou nos estratagemas concebidos por Harvey Weinstein para coagir, abusar e manipular atrizes e outras mulheres em Hollywood. “Qualquer venda da Weinstein Company deve assegurar-se de que as vítimas são compensadas, os funcionários receberão a proteção adequada e que nem perpetuadores, nem encobridores, enriquecerão injustamente”, afirmou o procurador num comunicado à imprensa.
Schneiderman argumenta que os quatro meses de investigação conduzidos pelo seu gabinete revelam “anos de ambiente de trabalho fundado na discriminação hostil de género, a prática de assédio sexual comprado com favores, e o uso rotineiro de fundos empresariais para fins ilegais”, que, na opinião da procuradoria, “violaram repetidamente leis da cidade e do estado contra a discriminação de género, assédio sexual, abuso sexual e coerção”. Os dois processos – contra o ex-produtor e a sua empresa – não impedem necessariamente a venda, mas podem espantar possíveis investidores. O diário britânico “Financial Times” avançava ontem que a suposta compradora de domingo, Maria Contreras-Sweet, está a reconsiderar a oferta e provavelmente desistirá da proposta. Se não aparecerem novos compradores em breve, estima-se que a empresa abra falência.