O grande número de sócios de Sporting que quiseram estar presentes na Assembleia Geral do clube levou a que a reunião começasse com uma hora de atraso. No discurso ideal, Bruno de Carvalho deixou vários recados, sublinhando a “extrema importância” desta assembleia.
"Chamei a esta minha intervenção, porque vou votar não a tudo. Porque, em primeiro lugar, desde dia 3 de fevereiro, apenas vi uma questão a ser feita sobre um artigo dos estatutos e, logo com isso, é por demais evidente que não existem dúvidas sobre os estatutos e os regulamentos. Segundo, tudo o que tenho lido são chavões infantis, pidesco, lei da rolha, controlo total dado a um homem, não quer perder o tacho. Isto tudo não pode acontecer no nosso amado clube", começou a frisar o presidente do Sporting.
"Em terceiro, porque convidámos para formar os mais difíceis painéis possíveis para esclarecimento da nação sportinguista, dois grupos de pessoas. No primeiro grupo, 46 sportinguistas que são sempre contra tudo o que eu faça, mesmo que se faça algo ou o seu oposto. Esses são aqueles que poderiam colocar perguntas incómodas. O que é que aconteceu? Nada. Discursos para a TV, de generalidades e, na altura dos pontos a sério, saíram. Relembro que dois , dos três que saíram, são advogados”, acrescentou.
O líder dos leões mostrou-se ainda insatisfeito com a “falta de coragem” dos 46 sportinguistas convidados para comparecerem nesta reunião, acusando-os de “preferirem a guerra cobarde e pelas costas, apenas com o objetivo de denegrir, injuriar e criar um a imagem do presidente deturpada para que o mesmo caia e eles possam assumir o poder”.
"Acho que ficou claro que não sou eu que retiro o foco daquilo que é o futebol português e dos assuntos graves que eu comecei a denunciar: os vouchers, os mails ou os jogos para perder. Não sou eu que tiro o foco, mas sim estas pessoas que tentam minar o Sporting por dentro”, acrescentou Bruno de Carvalho.
Bruno de Carvalho usou o seu discurso para atacar várias figuras conhecidas do Sporting, como Dias da Cunha (antigo presidente do Sporting CP), Pedro Madeira Rodrigues (candidato derrotado nas últimas eleições) ou José Roquette, que o apelidou de "Trump do futebol português". O atual dirigente leonino lembrou que acabou com os “grupinhos” do clube, dando voz aos adeptos.
Para além disso, Bruno de Carvalho criticou também os "betos e pseudo-betos da Juventude Leonina", afirmando que só recebe "ordens" dos sócios e não de parceiros ou bancos, referindo-se à construção do Pavilhão João Rocha no âmbito da reestruturação financeira do Sporting. "Não tenho dúvidas que se João Rocha fosse vivo estaria aqui do meu lado", acrescentou.
Recorde-se que esta assembleia ocorre duas semanas depois de uma reunião semelhante, reunião essa que Bruno de Carvalho abandonou depois de ter sido confrontado com críticas às alterações propostas.
Passados dois dias, o líder do Sporting anunciou uma nova Assembleia Geral para votar as mesmas propostas, ameaçando que, se não conseguir 75% dos votos, abandona a direção do clube.
Em causa estão alterações como a criação de um conselho estratégico, que iria substituir o Conselho Leonino. Este último, que Bruno de Carvalho que extinguir até ao final do mandato, é composto por 50 membros, enquanto o novo organismo teria apenas 15 membros (escolhidos pelo presidente).
Para além disso, as alterações preveem novas regras para os sócios, entre elas o agravamento do período máximo de suspensão – em caso de infrações das normas, os sócios passariam a ser punidos não por um período máximo de um ano, mas de oito.