Existe um clima de otimismo na sociedade portuguesa que perpassa vários domínios. E que já se faz sentir no mercado da arte.
Além do momento de maior desafogo que vivem as galerias nacionais, «há interesse do galerismo internacional em instalar-se em Lisboa», explicou Carlos Urroz, que há oito anos dirige a Arco, a feira de arte contemporânea de Madrid. A galerista Vera Cortês, que pertence ao comité de seleção da feira espanhola, complementou: «Começámos por estar na boca do mundo por maus motivos, isso tornou-nos famosos, e agora estamos na boca do mundo por bons motivos. Estamos como estávamos antes, só que agora temos uma anteção que não tínhamos tido. Isso ajuda muito».
Urroz e Cortês juntaram-se ao embaixador espanhol, que se limitou a uma intervenção inicial, para apresentar a 37.ª edição da feira, que vai decorrer de 21 a 24 de fevereiro no IFEMA. A sessão teve lugar esta semana na Embaixada de Espanha, que ocupa o Palácio de Palhavã, outrora residência dos filhos bastardos de D. João V.
O diretor da Arco Madrid adiantou ainda que esta edição contará com a participação de um total de 208 galerias distribuídas pro quatro secções. Entre estas haverá 15 portuguesas. Para a galerista Vera Cortês, a Arco «continua a ser a feira mais importante para as galerias portuguesas, tanto do ponto de vista de visibilidade como do ponto de vista comercial».
Urroz esclareceu também que este ano, ao contrário do que tem acontecido em anos anteriores, «não haverá um país convidado, mas um conceito convidado: o futuro» – sob o lema «o futuro não é o que vai acontecer, mas sim o que vamos fazer». E não se trata de um futuro «hipertecnológico», mas de uma reflexão alternativa que passe pela sustentabilidade. O modelo do país convidado regressará em 2019.
Além das galerias e artistas nacionais presentes na Arco – e ainda de uma homenagem ao colecionador Armando Martins –, Carlos Urroz chamou a atenção para outras duas ‘representações nacionais’ em solo madrileno enquanto decorre a feira de arte: a exposição Pessoa. Toda a Arte É uma Forma de Literatura, no Museu Reina Sofia, e a coletiva Escala 1:1. Artistas Contemporâneos Portugueses, no centro de arte Tabacalera.