E eis que já estamos no dia em que Estoril e FC Porto irão disputar, na Amoreira, uma espécie de segunda mão de um jogo que ficou precisamente a meio, vá–se lá ainda perceber verdadeiramente porquê, já que as perícias levadas a cabo por engenheiros recomendados referiram nunca ter estado em causa o desabamento da tal bancada da qual os adeptos portistas se precipitaram para o relvado numa invasão com algo de estranho, embora nestas coisas das multidões saibamos que as reações costumam ser instantâneas e pouco controláveis.
Seja como for, os primeiros 45 minutos foram os únicos a serem disputados.
O povo instalou-se dentro das quatro linhas, chegou a ser devolvido aos assentos iniciais, entornou-se de novo como um rio farto das suas margens condicionadoras e, entretanto, o árbitro decidiu fechar o circo, isto é, mandou toda a gente para casa com a data da recuperação dos minutos por jogar em aberto.
Pormenor entretanto discutido e tratado: dia 21 de fevereiro pelas 18 horas, tudo o mais possível dentro dos conformes até porque é dia de Liga dos Campeões e a UEFA não permite que se desenrolem jogos de campeonatos que venham a chocar com a sua velha e relha lei do quero, posso e mando.
Muito já se falou, entretanto, das condicionantes com que cada um dos treinadores vai ter de lidar para os tais 45 minutos que voltarão a colocar FC Porto e Estoril com a mesma quantidade de jogos que as restantes equipas da Liga.
Basicamente, refiram-se alguns dos pontos fixados nos regulamentos da Liga.
Vão aqui os principais, por alíneas dispostas segundo a ordem de importância que lhes atribuí para o texto que se segue:
a) os jogadores que estavam castigados à data em que o jogo se iniciou não podem ser utilizados;
b) os jogadores que estavam em campo no momento em que o jogo foi interrompido pelo árbitro não podem entrar na ficha técnica com a condição de suplentes;
(Aqui, justificam-se os parêntesis para sublinhar que esta será a regra que mais implica com as possíveis alterações táticas pensadas pelos técnicos para aquilo que falta ainda jogar.)
c) os jogadores advertidos durante os 45 minutos já disputados continuam a manter a sanção disciplinar – no caso, Renan e Reyes já tinham visto cartão amarelo;
d) os jogadores que, no entretanto, em outros jogos, foram castigados com pena de suspensão veem a sua situação reverter até ao momento em que o jogo foi interrompido, isto é, podem vir a ser utilizados no encontro de hoje;
e) estão indisponíveis todos aqueles jogadores que foram, entretanto, adquiridos no mercado de inverno e que não estavam inscritos à data em que se disputaram os tais 45 minutos já decorridos;
f) ambos os técnicos só poderão fazer o número de substituições a que tinham direito até à interrupção do jogo.
O dilema Perante todas as situações regulamentares atrás alinhadas, basta encaixá-las nos nomes correspondentes. E aí poder-se-ia dizer que o Estoril entrará em campo mais fragilizado do que aquela que é a sua atual realidade, pois reforçou-se razoavelmente no período que mediou entre estas duas partes do mesmo jogo.
Por seu lado, Sérgio Conceição, que de forma um tudo-nada surpreendente castigou José Sá pelo frango consentido frente ao Liverpool, atribuindo novamente a titularidade a Casillas, também tem um caso bicudo para solucionar se decidir manter o espanhol na baliza, hoje, no Estoril. É que, assim sendo, e como vimos ao longo da explicação dos regulamentos, os titulares dos primeiros 45 minutos não podem surgir como inscritos no banco de suplentes. E isso iria obrigá-lo a chamar o seu terceiro keeper (em princípio, Vavá) para fazer parte dos convocados. Mas nem tudo é mau. Os jogadores lesionados no início do jogo, como Brahimi, podem agora ser chamados.
Corre atrás do tempo perdido, este FC Porto tão valente entre portas e tão pobrezinho no momento de ter de enfrentar os poderosos da Europa do Grande Futebol. Entra a perder na Amoreira, mas tem tempo que sobre para recuperar e instalar-se lá no alto confortável dos seus cinco pontos de avanço sobre aqueles que o seguem.
Seria de estranhar que perdesse a oportunidade. Ainda por cima no momento em que a Europa desapareceu do horizonte e, logo a seguir, terá o bico-de-obra de ir a Portimão, onde mora uma equipa capaz de provocar bexigas doidas aos adversários que recebe.