A reunião desta terça-feira entre Bruno de Carvalho e os 13 comentadores televisivos afetos ao Sporting produziu efeitos práticos. As partes conversaram, debateram, trocaram as suas opiniões e no final, em comunicado publicado na página de Facebook do clube e assinado por todos os intervenientes, os leões garantiram que um acordo foi alcançado e, assim, os comentadores poderão continuar a defender os interesses do Sporting em praça pública.
Estaria tudo certo, não fosse o facto de um desses nomes desmentir o comunicado. Ao i, Luís Marques, antigo administrador com o pelouro editorial do grupo Impresa, garantiu não ter feito parte desse acordo, dado ter saído da reunião muito antes do seu término. “Tendo saído bastante antes do termo da referida reunião, não discuti nem obviamente assinei o referido comunicado”, reforçou o gestor e antigo jornalista do “Expresso” e da SIC, onde foi também diretor-geral. “Nesta reunião reafirmei presencialmente, como tinha dito ao dr. Bruno de Carvalho, a minha opinião, já publicamente expressa, sobre o que aconteceu na fase final da Assembleia Geral do passado sábado, opinião que consiste na defesa dos superiores interesses do Sporting, os quais devem ser compatíveis com o respeito pela liberdade de imprensa e pela liberdade individual. Neste contexto, não me revejo numa estratégia de confronto de uma grande e respeitada instituição, como é o Sporting, com os media e, em especial, com meios de comunicação social”, completou.
Fernando Mendes ameaçado No referido comunicado, onde constam as assinaturas dos 13 comentadores (além de Luís Marques, podem ler-se os nomes de André Dias Ferreira, Augusto Inácio, Carlos Anjos, Eduardo Garcia, Fernando Mendes, Hélder Amaral, Jaime Mourão Ferreira, José de Pina, Litos, Manuel Fernandes, Paulo Andrade e Rui Rigueiro), bem como a da direção do Sporting, é referido que tanto Bruno de Carvalho como os comentadores concordam ser fundamental defender o clube perante uma Comunicação Social “que, genericamente, tem desrespeitado de forma sistemática a Instituição e o bom nome dos seus dirigentes”. Por essa razão, pode ler-se que as duas partes concluem “ser do interesse do Sporting que o Presidente mantenha, tal como até aqui, a defesa intransigente dos superiores interesses do Sporting pelos meios que entenda convenientes” – trocando por miúdos, tal legitima que Bruno de Carvalho continue a dizer o que pensa nas redes sociais quando assim o entender.
Na mesma publicação, o Sporting refere ainda que os seus representantes impõem a condição de não serem “ultrapassados limites que ponham em causa o bom nome do Sporting” nos espaços de intervenção mediática em que intervêm para continuar a marcar presença nos respetivos programas.
Um passo atrás de Bruno de Carvalho, que na polémica intervenção na Assembleia-Geral dos leões, no passado dia 17, havia pedido a todos os comentadores que abdicassem das suas posições nos programas de televisão – além de apelar a todos os adeptos do clube que deixassem de ler jornais e ver canais de televisão portugueses, passando apenas a ler o jornal e ver o canal de televisão oficiais do clube.
No programa “Liga d’Ouro”, da CMTV, onde é comentador residente, Fernando Mendes revelou mesmo já ter sido alvo de ameaças por parte de adeptos… do Sporting, devido à intransigência que manifestou desde logo em relação ao pedido inicial do presidente leonino. “Os sportinguistas chamam-me traidor, Judas, e dizem que me dão um enxerto de porrada em Alvalade se não sair do programa… É consequência do discurso de Bruno de Carvalho”, salientou o antigo lateral-esquerdo, formado e lançado para o futebol no Sporting – viria, contudo, a representar também Benfica e FC Porto, sendo até agora o único a ter jogado em todos os campeões nacionais, pois passou também por Boavista e Belenenses.