Como se de um presente de aniversário se tratasse pelos seus dez anos, o Banco Português de Germoplasma Vegetal, em Braga, vai enviar 100 quilos de sementes de milho para o Banco Mundial de Sementes, na Noruega. As sementes pertencem a uma das melhores colheitas nacionais da década de 70 da Beira Litoral.
Criado em 2008 pelo governo norueguês, o Banco Mundial de Sementes localiza-se no Ártico, nomeadamente nas ilhas de Svalbard, território norueguês. As instalações do Banco foram outrora uma mina de carvão, mas hoje albergam milhões de sementes a 150 metros de profundidade, para o caso de as fontes de alimento virem a escassear em caso de catástrofe de proporções mundiais. As sementes estão congeladas a 18 graus negativos e podem ser conservadas por centenas de anos. Não é por acaso que o governo norueguês o baptizou de “arca de noé” do século XXI.
Se o objetivo principal é salvaguardar o futuro alimentar da Humanidade, relembre-se que a “arca de noé” já teve de abrir as suas portas para ajudar a Síria a recuperar as suas plantações. No decurso da guerra civil, que arrasa o país desde 2011, o banco de sementes sírio, o “International Center for Agricultural Research in the Dry Areas”, transferiu uma parte significativa do seu depósito para Svalbard, mas anos depois o pior aconteceu: o centro foi destruído e as amostras de sementes que restavam perderam-se. Em 2015, o Banco Mundial respondeu ao pedido de ajuda sírio e transportou para a região de Aleppo cerca de 116 mil sementes para restaurar as colheitas e a criação de gado.
A criação do Banco Mundial de Sementes foi criado com a ajuda do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agriculta, de 2001, que visa conservar a biodiversidade, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. O tratado já foi entretanto assinado e ratificado por 139 países.