"Os preços da habitação em Portugal, quando comparados com a média dos valores dos rendimentos, são desproporcionados. Os jovens precisam de um futuro". É assim que o mais recente relatório da Cáritas Europa classifica a relação entre o mercado de arrendamento ou compra de casa com o poder de compra e condição profissional da maioria dos jovens em Portugal.
Para a instituição, a dificuldade dos jovens em arranjarem casa encontra-se tanto no mercado como na condições profissionais dos jovens, com o desemprego, empregos precários, contratos irregulares e os baixos salários a serem as principais razões. "As oportunidades de emprego e os níveis salariais diminuíram acentuadamente desde a crise financeira de 2008. Portugal regista ainda um elevado nível de desemprego jovem, muitos deles emigraram a as habilitações de nível superior não estão a ser valorizadas pelo mercado de trabalho", explica o relatório.
"Assim sendo, os jovens não se comprometem com o arrendamento ou compra de habitação", conclui o documento.
Para Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, afirmou, em declarações à agência Lusa, que "a autonomia dos jovens é adquirida cada vez mais tarde". "A autonomia passa muitas vezes por uma vida independente que é ter habitação própria e os jovens com o dinheiro que auferem não têm acesso à habitação, as rendas são muito elevadas", complementou.
Além da análise do problema, o relatório apontou algumas soluções para a sua superação aos decisores políticos, esperando, por sua vez, que estes as transformem em políticas concretas: "habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com os seus rendimentos e proporcionar-lhes a oportunidade de iniciar uma vida independente".
"Situámo-nos naquilo que nos parece ser a pobreza mais preocupante no domínio dos jovens que é a educação, a habitação e o trabalho", disse Fonseca.
O relatório é apresentado esta terça-feira em Lisboa.