Diogo Piçarra está a ser acusado de plagiar a canção “Abre os Meus Olhos”, de um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), na música que levou ao Festival da Canção: “Canção do Fim”.
No caso de se comprovar que a canção do músico é mesmo plágio, o cantor terá de abandonar a competição, pelo menos é o que diz o regulamento do Festival da Canção.
Segundo o mesmo regulamento, tendo por base os artigos 2.1.1 e 2.12, não há qualquer margem para dúvidas: “As 20 canções deverão ser obrigatoriamente originais e inéditas, não podendo ter sido reproduzidas, publicadas, editadas, interpretadas, executadas, exibidas, difundidas, distribuídas ou comercializadas por qualquer forma anteriormente”, pode ler-se no regulamento disponível na internet.
Além disso, “caso venha a verificar-se que há canções que não são originais e inéditas, ou que tenham sido divulgadas publicamente, por quaisquer meios existentes ou que venham a ser criados, as mesmas serão desclassificadas.”, refere o mesmo documento. Se este ponto se comprovar, Diogo Piçarra é obrigado a abandonar a competição, que tem final marcada para o próximo domingo, dia 4 de março.
Contudo, ainda de acordo com as regras do concurso, há um produtor musical responsável pela supervisão de “todo o processo de gravação das canções”. Fernando Martins, nomeado pela RTP, tem a responsabilidade de fazer com que o regulamento seja respeitado.
No entanto, no ponto 3 do regulamento, a responsabilidade surge atribuída ao júri do festival. “A avaliação das canções submetidas a concurso, e a escolha daquela que terá acesso a participar no Festival da Canção, será efetuada por um júri escolhido pela RTP, composto por membros com reconhecidos méritos e experiência musicais”, indica o documento, adiantando ainda que as decisões do júri “são definitivas e não serão suscetíveis de recurso ou de reclamação”. Os próprios participantes não podem sequer contestar de qualquer decisão tomada.
Caso o cantor português continue em competição e chegue mesmo a representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção, escreve a Blitz, o tema de Diogo Piçarra terá de ser submetido à avaliação do Eurovision Song Contest Reference Group.
As insinuações de que Diogo Piçarra plagiou a música de um pastor da IURD surgiram ao longo do dia de ontem, nas redes sociais, onde várias pessoas apontaram o dedo ao português, pelas semelhanças entre ambas as canções.
O músico defendeu-se, reconhecendo contudo que existem de facto parecenças "entre ambos os temas", uma vez que as duas canções "têm uma melodia tão simples, tão elementar, que é quase inevitável ser parecida a muita coisa", alegando que nunca ouvira a música da IURD antes.
“Nunca ouvi aquela música na minha vida, nem sequer sabia da existência daquela canção e nem sequer me associo à Igreja ou à IURD. Acho que fui o que fiquei mais surpreendido no meio disto porque achava que tinha tido uma ideia brilhante. É a sina do compositor que aconteceu novamente e desta vez calhou-me a mim. Isto acontece a todos, toca a todos e só quem não cria arte é que não sofre com isto.”, esclareceu Diogo Piçarra, em entrevista ao Observador.
Para já, ainda não se sabe o que vai acontecer ao cantor – a RTP remeteu esclarecimentos para mais tarde, sem adiantar uma data específica.