A Internet das Coisas (do inglês Internet of Things, IoT) é uma realidade crescente e são vários os desafios que se colocam às sociedades neste novo paradigma, que dizem respeito a confiança e segurança.
A IoT conecta máquinas, dispositivos e objetos à internet, transformando-os em ativos “inteligentes” capazes de comunicar com o mundo à sua volta através da recolha e transmissão de dados.
Os dados – já apelidados de “o petróleo do séc. xxi” – a par da machine learning e da computação quântica, que permite velocidades um milhão de vezes mais rápidas que os computadores atuais, e aliados à nuvem e à inteligência artificial, são a espinha dorsal da IoT que, de acordo com dados da Statista para 2017, já contabiliza uma base instalada de 20,35 mil milhões de dispositivos, e a expetativa é que em 2020 cada pessoa tenha em média seis dispositivos online
“Estar offline será um estado de espírito”, resume Gerd Leonhard, para quem o mundo é cada vez mais “exponencial, combinatório e convergente”, numa conferência sobre IoT realizada ontem em Lisboa.
No evento, organizado pela Vodafone, o futurista pergunta “qual a parte da nossa vida que não deverá estar ligada às máquinas”, respondendo que o desafio está em “quem confiar para estar tudo ligado”. Para Gerd Leonhard, é necessário “tornar a ética parte das decisões”, uma vez que a “ética digital será um fator diferenciador”, Na opinião do futurista, há um “imperativo ético de subordinar o poder da IoT”, que vai ter mais impacto do que a Revolução Industrial e gerar um novo “ecossistema económico” no qual o futuro do trabalho está no centro da discussão. “Tudo o que seja rotina, as máquinas vão fazer”, mas o “fim da rotina não é o fim do trabalho”, aponta o também escritor e consultor.
De acordo com o barómetro Vodafone IoT 2017/2018, o número de empresas que adotaram a IoT subiu de 12% em 2013 para 29% em 2017. Estas soluções estão a ser utilizadas para reduzir custos, minimizar riscos e aumentar receitas. Mas o objetivo principal é o aumento da eficiência.
Um novo relatório da consultora Research and Markets prevê que o mercado da IoT cresça de 170,57 mil milhões de dólares em 2017 para 561,04 mil milhões em 2025, mas para o qual “os empresários têm de mostrar empenho e compromisso a longo prazo”, uma vez que os consumidores estão muito disponíveis para esta realidade.
Liderança A opinião é de Rudy De Waele, outro dos oradores da Vodafone IoT Conference, que defende que os “CEO devem liderar” e que esta liderança deve ser “conscienciosa, futurista, inovadora e ‘tecnologística’” para responder “à confiança que está a diminuir nos negócios e nas plataformas”.
Um dos aspetos principais desta confiança é a segurança, que, lembra o membro do think tank IoT Council e conselheiro estratégico do Smart Cities World, é “um aspeto em que todos os problemas poderão ser exponenciais”.
O barómetro da Vodafone revela que os utilizadores de IoT querem uma conetividade segura, fiável e abrangente. “Tudo tem de ser desenhado com pensamento na segurança”, disse num dos debates da conferência um responsável da Cisco Portugal. Segundo Filipe Lopes, é necessário “pensar e planear as infraestruturas com diversos elementos associados à segurança e ainda acrescentar “segurança ‘on top’ das infraestruturas”, que é a “segurança dos dispositivos”.
Também Sérgio Magalhães, do Millennium BCP, considera que esta “preocupação existe” e que a “otimização da IoT” passa pela “segurança física e pela segurança lógica” que garantam confiança.