Steve Bannon aterrou em Roma na quinta-feira para expressar o seu apoio ao candidato da Liga (antiga Liga Norte), Matteo Salvini.
Segundo o britânico The Guardian, não está ainda previsto qualquer encontro entre o antigo conselheiro estratégico de Donald Trump e o dirigente do partido de extrema-direita em ascensão. Mas o norte-americano está surpreendido e encantado com o desempenho de Salvini, que consegue mais do que triplicar os anteriores resultados do seu partido, com um discurso fortemente anti-imigração e contra a permanência na União Europeia.
De acordo com o italiano La Stampa, Bannon terá afirmado que as eleições de 4 de março poderiam ser um novo marco na Europa, permitindo o aparecimento de novos movimentos populistas que possam combater a hegemonia de Merkel e Macron na União Europeia.
Bannon compartilha com Salvini um presente de extrema-direita e um passado de extrema-esquerda. Salvini foi ativista do histórico centro social de extrema-esquerda Leoncavallo. Tendo chegado a apresentar-se numas eleições promovidas pela Liga Norte, em 1997, as eleições da Padania (nome do país independente que a Liga Norte reivindicava separar da Itália), como candidato nas listas dos ‘Comunistas da Padania’.
Depois de uma passagem pelo Parlamento Europeu, Salvini chega à liderança do partido em 2004, atropelando literalmente o líder histórico Umberto Bossi, obtendo cerca de 82% dos votos nas primárias da Liga. Levando o partido a assumir-se como possível governante do todo nacional, com um discurso mais próximo da FN francesa, contra a imigração e a Europa.
A questão da imigração e do racismo entrou de supetão na campanha eleitoral italiana. A 3 de fevereiro, Luca Traini, que tinha sido candidato local da Liga Norte, disparou sobre seis imigrantes de origem africana na pequena localidade de Macerata, com 43 mil habitantes. Este crime surgia na sequência do aparecimento do corpo de uma jovem da localidade, cortado em pedaços e depositado em duas malas. Pamela Mastroprieto, 18 anos, morta por um traficante de origem nigeriana, de 29 anos.
Dias depois, o líder da Liga fez um comício na localidade, qualificando a morte da jovem de ‘homicídio de Estado’, e reafirmou a necessidade de expulsar todos os imigrantes ilegais: «Comigo, os imigrantes ilegais serão expulsos em 15 minutos».
O apoio a Salvini não é o único motivo que leva o antigo homem forte de Trump e líder da nova extrema-direita norte-americana, conhecida por Alt-Right. Bannon tem prevista uma série de encontros com meios católicos tradicionalistas que se opõem ao Papa Francisco, incluindo o cardeal Raymond Burke.
Há um ano os dois homens reuniram numa altura que o Papa Francisco tinha apelado aos fiéis que dessem as boas vindas aos imigrantes e tinha criticado fortemente, como pouco cristãs, as políticas anti-imigrantes de Donald Trump.
A visita a Roma, nestes dias de março, do enfant terrible da política dos EUA acontece meses depois do corte total de relações de Bannon com Donald Trump, e de os advogados do Presidente estarem a processá-lo pelas declarações que fez no livro Fire and Fury, do jornalista Michael Wollf. Ali, Bannon, entre outras coisas, acusava o filho mais velho de Trump de conspirar com a Rússia e de ser um traidor da pátria.