EUA. Trump elogia fim do limite de mandatos na presidência da China

Xi Jinping poderá tornar-se presidente vitalício da China, agora que o partido já decidiu. “Talvez valha a pena tentarmos”, disse Trump 

“Ele agora é presidente vitalício, presidente vitalício. E é ótimo”, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentando o plano do Partido Comunista da China de mudar a Constituição do país para acabar com o limite de dois mandatos do presidente. Em teoria, com esta alteração, Xi Jinping poderá ser chefe de Estado até ao final dos seus dias, o que para Trump é algo que “talvez valha a pena tentarmos algum dia”. Os comentários foram gravados durante um jantar de angariação de fundos na Florida e o áudio foi citado pela CNN.

Para Trump, Xi Jinping é um “grande cavalheiro” e “o mais poderoso presidente [chinês] em 100 anos”, tendo ficado extremamente satisfeito pela forma como o chefe de Estado chinês o tratou durante a sua visita oficial de novembro.
O presidente chinês afirmou ontem que o sistema de cooperação multipartidário e de consulta do Partido Comunista da China é “uma grande contribuição para a civilização política da humanidade” e “um novo tipo de sistema partidário que está a nascer em solo chinês”.

O congressista democrata Ro Khanna reagiu no Twitter afirmando que o comentário do presidente Donald Trump sobre a possibilidade de importar esse modelo para os EUA, “fosse ou não uma piada”, fez com que “George Washington desse uma volta no caixão”, porque “falar em tornar-se presidente vitalício como Xi Jinping é o sentimento menos americano alguma vez expressado por um presidente americano”.

Não é a primeira vez que Trump mostra a sua admiração por líderes fortes e a sua enorme autoestima poderá fazê-lo pensar que não haverá melhor presidente dos EUA do que ele; logo, pensar em alterar a Constituição para retirar o limite de dois mandatos presidenciais seria até, no limite, um gesto patriótico para ele. 

Trump elogiou a força de Vladimir Putin que, como presidente ou primeiro-ministro, vem governando a Rússia há quase 20 anos; teceu loas à política contra a droga do presidente Rodrigo Duterte, das Filipinas (que inclui múltiplas execuções extrajudiciais); sublinhou os grandes feitos de Recep Tayyip Erdogan na Turquia; e considerou “fantástico” o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sissi. O líder da Casa Branca chegou mesmo a dizer que a Líbia estaria hoje muito melhor se Muammar Kadhafi ainda mandasse em Trípoli. Segundo a “Atlantic”, Trump chegou até a citar o antigo ditador italiano Benito Mussolini e, perante as críticas, defendeu a citação como sendo muito boa: “Que diferença faz se é de Mussolini ou não?”

Em relação à questão de Xi Jinping e ao comentário sobre a possibilidade de rever os limites constitucionais de mandatos presidenciais, a Casa Branca recusou-se a comentar e Donald Trump nem sequer atacou no Twitter a CNN por ter divulgado o conteúdo do áudio.

O presidente dos EUA preferiu elogiar o jantar de sexta-feira à noite do Gridiron Club, em Washington, com centenas de jornalistas presentes, que aproveitou para contar piadas: “A minha equipa estava preocupada com o facto de eu não conseguir fazer humor autodepreciativo e eu disse-lhes para não se preocuparem porque ninguém faz melhor humor autodepreciativo do que eu”, disse o chefe de Estado.

Perante uma audiência de 660 pessoas, Trump contou piadas sobre si, sobre a sua equipa, sobre a sua mulher (“Quem será o próximo a sair? Steve Miller ou Melania?”), sobre Kim Jong-un, sobre Jared Kushner, sobre os Dreamers, sobre o Partido Democrata e sobre o “New York Times”, entre outras.