UE. Bruxelas prepara taxas alfandegárias para vários produtos dos EUA

Objetivo da Comissão Europeia é enviar mensagem à administrção Trump sobre potencial impacto negativo da imposição de tarifas

Olho por olho, dente por dente. Assim parece ser a resposta da União Europeia (UE) ao anúncio por parte do presidente dos EUA da aplicação de tarifas à importação de produtos de aço e de alumínio.

De acordo com a agência Bloomberg, a Comissão Europeia (CE) prepara uma lista de alguns bens norte-americanos para os quais pretende agravar as tarifas de importação, podendo colocar uma taxa alfandegária de 25%, tendo como alvo um total de 2,8 mil milhões de euros. 

Nessa lista estarão incluídos camisas, jeans, cosméticos, outros bens de consumo, como motas e barcos de recreio avaliados em quase 1000 milhões de euros.

As importações de sumo de laranja, whiskey bourbon, milho e outros produtos agrícolas totalizam 951 milhões de euros, e as de aço e outros produtos industriais 854 milhões de euros.

A notícia de ontem da agência Bloomberg revela que o objetivo da UE é enviar uma mensagem à administração dos EUA sobre o potencial impacto negativo da imposição de pesadas tarifas na economia norte-americana. 

A resposta europeia tem origem numa preocupação com a posição protecionista de Trump sobre o comércio internacional. No final da semana passada, depois de um encontro com executivos da US Steel Corp, Arcelor Mittal, Nucor, JW Aluminium e Century Aluminium, entre outros, o presidente norte-americano anunciou que iria impor taxas às importações de aço e alumínio, para apoiar os produtores norte-americanos e aumentar os empregos.

Na reunião, Trump apresentou penalizações, a vigorar “por um longo período de tempo” de 25% nas importações de aço e 10% nas importações de alumínio. “O que tem acontecido nas últimas décadas é vergonhoso. Vergonhoso”, justificou, prometendo ao setor “proteção pela primeira vez em muitos anos”.

De imediato, o presidente da CE, que apelidou a decisão de “injusta” e que “coloca milhares de empregos europeus em risco”, anunciou que a UE iria “reagir firme e proporcionalmente para defender os seus interesses”. Em comunicado, Jean-Claude Juncker acrescentou que a CE apresentaria “uma proposta de contramedidas contra os EUA, compatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), para reequilibrar a situação”.

Ao “Financial Times”, a comissária europeia do Comércio aventou que a UE poderá impor tarifas de “salvaguarda” – hipótese, dentro das regras da OMC, de um país restringir as importações de determinado bem, de forma temporária, se o aumento de taxas ameaçar a indústria desse país – às importações de aço e de alumínio. Segundo Cecilia Malmstrom, a CE esperará pelo anúncio formal das tarifas por parte dos EUA – algo que se espera esta semana – para agir. 

Ironia

Entretanto, o Goldman Sachs considera que a decisão de Trump pode prejudicar a economia mundial, uma vez que “as taxas alfandegárias (…) sobem os preços das matérias-primas”. Segundo uma nota do banco de investimento, “ao impor tarifas transfronteiriças sobre as importações de aço e alumínio, o maior impacto económico será sobre o Canadá, México e UE e, ironicamente, vai aliviar o impacto sobre a China e a Rússia”.

Na segunda-feira, no Twitter, o presidente dos EUA disse que pode aplicar uma isenção ao México e ao Canadá. Em contrapartida, os dois países têm de assinar um novo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).
No mesmo dia, Paul Ryan, o republicano que lidera a Câmara dos Representantes dos EUA, pediu a Trump para recuar na imposição de tarifas por receio que a medida provoque uma guerra comercial. “Estamos extremamente preocupados com as consequências de uma guerra comercial e por isso apelamos à Casa Branca para não avançar com este plano”, afirmou uma porta-voz de Paul Ryan, 

A agência Reuters noticiou que os líderes do congresso dos EUA estudam medidas para contrariar a decisão do presidente.