Embora não haja uma grande tradição de jogadores portugueses competirem no Sunshine Tour, é um novo recorde nacional e desta vez nem será preciso tentar a sua sorte na Escola de Qualificação, que começa já no próximo dia 13.
Nas últimas três temporadas Tó Rosado só conseguiu o acesso ao Sunshine Tour via Escola de Qualificação, o que já de si foi notável, mas em 2018/2019 irá competir porque nos últimos meses participou em simultâneo na segunda divisão, o The Big Easy Tour, onde foi bem-sucedido.
«Só os 100 primeiros da Ordem de Mérito do Sunshine Tour garantem o cartão para a época seguinte», explicou o português ao Tee Times Golf, que encerrou esta semana a temporada de 2017/2018 no 115º posto desse ranking.
«A razão pela qual não jogo a Escola de Qualificação este ano é porque terminei em 3º lugar na Ordem de Mérito do The Big Easy Tour e o top-5 garante o cartão para a próxima época», acrescentou.
António Rosado jogou melhor em 2017/2018 do que na época anterior em que já tinha terminado em 113º na Ordem de Mérito do Sunshine Tour.
Esta semana o campeão nacional de 2009 foi 20º no Steyn City Team Championship. Jogou em betterball, ao lado do sul-africano François Coetzee, e somaram 201 (70+67+64), -15.
Foi a sua segunda melhor classificação e o seu melhor resultado da temporada. A sua melhor classificação foi o 15º lugar no Sun Boardwalk Challenge, em setembro, com 212 (69+76+67), -4.
Em contrapartida, no The Big Easy Tour, esteve muito perto de conquistar pelo menos um título, algo que ele não consegue desde que, em 2014, triunfou em cinco provas do IGT Pro Golf Tour, encerrando o ano como o nº1 da Ordem de Mérito dessa terceira divisão sul-africana.
«No The Big Easy Tour joguei bem. A diferença foi que estive mais consistente e tive duas oportunidades de ganhar torneios. Sabia que era importante terminar nos cinco primeiros para garantir o cartão para a próxima época», analisou o algarvio que emigrou para a África do Sul em finais de 2013.
Nessa segunda divisão sul-africana foi vice-campeão (-6) no Wanderers Golf Club, em julho, registando ainda mais dois top-5, com dois 4º lugares em Modderfontein (-4) em maio e em Houghton (-5) em julho. Importantíssimo para o seu 3º lugar final na Ordem de Mérito foi o 6º posto (-5) no último torneio da temporada, o Big Easy Tour Championship, em outubro.
«Esta época treinei mais do que na anterior. No Sunshine Tour tive torneios em que joguei bem mas mentalmente estive muito mal, falhei cuts que não deveria ter falhado. O golfe é assim, para jogar-se a um nível profissional todos os aspetos têm de estar bons: técnica, mental, físico, emocional etc… O nível é elevado e este ano houve três cuts em -5, em campos nada fáceis», avaliou.
Note-se que Tó Rosado viu-se forçado a falhar os quatro primeiros meses da época no Sunshine Tour. Provavelmente, se tivesse jogado nesses meses teria logrado o tal top-100 na Ordem de Mérito.
Mas esse é o menor dos seus problemas. Há muito que sabe que é quase impossível jogar uma temporada inteira.
O motivo é conhecido e prende-se com a corajosa luta contra o cancro da sua mulher, Rita, que se prolonga há vários anos, que comoveu e mobilizou muitos elementos proeminentes da comunidade golfística portuguesa na África do Sul, designadamente o clube Red Skins que o apoia financeiramente e não só.
«A Rita tem estado melhor. Penso que no ano passado “apenas” esteve no hospital por três vezes. Agora recomeçou a conduzir aqui ao pé de casa. No geral tem estado bem. Ela tem muita fé, acorda todos os dias às 5 da manhã e reza cerca de três horas», conta-nos o embevecido marido.
A força de Rita é transmitida a Tó e foi ela quem nunca permitiu que ele abandonasse a sua outra paixão, o golfe. E só se sente totalmente feliz quando pode viver ambos os amores em simultâneo. Quem se lembra de António Rosado dos tempos em que vivia em Portugal, sublinha sempre a sua edução, simpatia e alegria, características que tem sabido manter na adversidade:
«No outro dia um dos meus colegas (Ullrich van der Berg) comentou com outros jogadores que eu estou sempre com um sorriso, que sou simpático e que tenho sempre uma piada ou alguma coisa positiva para dizer. Ficou chocado quando lhe contaram o que se passava com a Rita. Mais tarde veio ter comigo e disse-me que nem acreditava no que tinha ouvido. Falámos cerca de uma hora ou mais. E disse-me que agora percebia a razão pela qual eu jogava melhor quando os torneios são perto de casa (entre Pretória e Joanesburgo). Explicou-me que a mente fica um pouco mais tranquila quando estou perto da Rita e posso vê-la todos os dias. Já quando os torneios são longe e não a vejo durante vários dias, a mente já não é igual».
É com esse eterno sorriso que Tó Rosado espera poder enfrentar a nova época do Sunshine Tour.
Hugo Ribeiro / Tee times Golf