A unidade de contraterrorismo da Scotland Yard afirmou ontem que o ex-espião russo encontrado inconsciente com a sua filha num centro comercial foi envenenado com um agente nervoso, um indício muito forte de que a tentativa de homicídio de Sergei Skripal aconteceu às mãos de um governo estrangeiro, muito provavelmente a Rússia. O grande órgão de investigação criminal britânico anunciou também que Sergei Skripal e a sua filha Yulia estão em estado crítico no hospital e que a sua condição piorou durante a noite. O primeiro elemento da equipa médica a chegar ao local encontra-se também internado e em estado grave.
A Scotland Yard não revela para já o agente nervoso utilizado, mas as suspeitas recaem sobre VX ou Sarin – o primeiro foi o agente usado pela Coreia do Norte para assassinar um meio-irmão de Kim Jong-un. A complexidade destes agentes não permite que sejam produzidos de forma caseira. “Isto é muito grave”, diz ao “Guardian” Hamis de Bretton-Gordon, ex-militar de alta patente no regimento britânico de armas biológicas e químicas. “Os agentes nervosos como Sarin e VX precisam de ser fabricados em laboratórios. Não é uma tarefa fácil. Nem o alegado Estado Islâmico conseguiu produzi-los.”
O Reino Unido prometeu já retaliar de forma “apropriada e robusta” caso confirme que os serviços russos comandaram o ataque contra Skripal em solo britânico – o antigo agente foi preso na Rússia mas enviado para o Reino Unido numa troca de espiões detidos. Em 2006, o também ex-espião russo Alexander Litvinenko morreu contaminado com plutónio, num assassinato arranjado em Moscovo. Vladimir Putin e o Kremlin negam o homicídio de Litvinenko e Moscovo diz nada saber do ataque a Skripal e à filha de 33 anos. O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, está pronto a considerar sanções caso se confirme a mão de Moscovo.