Foi no domingo que, sem surpresas, foi aprovada a reforma constitucional que permite ao atual presidente Xi Jinping perpetuar-se no poder. O gigantesco Palácio do Povo em Pequim foi o cenários da votação dos 2958 deputados da Assembleia Nacional Popular, que eliminaram o limite dos mandatos de cinco anos para o chefes do Estado. Apenas um deputado ousou votar contra, três votaram em branco e um votou nulo.
Sinal dos tempos, esta foi a votação com menos votos contra das últimas décadas.
Esta quase unanimidade nos órgãos do poder afetos ao Partido Comunista Chinês não é compartilhada por outros setores da sociedade.
“Estamos perante um golpe nas instituições e na reforma política”, afirma ao “El País”, o professor Willy Lam, da Universidade chinesa de Hong Kong. “Voltamos onde estávamos há uns anos, a um estilo maoista de mandato unipessoal”.
O fim do limite de dois mandatos de cinco anos para a liderança chinesa é mais que simbólica, porque não só confirma o ascendente de Xi Jiping no poder, em relação a anteriores lideranças, como faz tábua rasa a uma das reformas empreendidas por Deng Xiaoping em 1982, para evitar excessos de centralização de poder dos líderes do partido, como aconteceu na liderança do chamado “grande timoneiro” Mao Zedong.
Ao contrário do que sucedeu com os seus predecessores Jiang Zemin e Hu Jintao, é pouco provável que Xi Jipeng abandone tão cedo, estava previsto que o fizesse em 2023, o poder.
Para os defensores desta reforma constitucional há duas razões principais para o fim da limitação dos mandatos: a primeira, prende-se com a necessidade do líder terminar as reformas económicas que vão levar a China a tornar-se a primeira potência do planeta. Por outro lado, os apoiantes de Xi afirmam que se trata de colocar a presidência do país a par dos cargos de secretário-geral do PCC e da presidência do Comité Militar, que não têm limite de mandato.
Aprovada reforma que torna Xi Jinping perpétuo
98,8% dos 2958 deputados votaram a favor da continuação do líder para depois de 2023