Aliar tradição e inovação para garantir futuro

Estudo aponta que futuro dos serviços financeiros depende da colaboração entre ‘fintech’ e instituições financeiras tradicionais. Empresa portuguesa destaca-se nesta vertente.

O futuro dos serviços financeiros depende da colaboração entre as ‘fintech’ e as instituições financeiras tradicionais. A concorrência e as exigências dos clientes para conveniência e personalização dos serviços alteram este setor e geram oportunidades para a colaboração. A Ifthenpay é uma dessas empresas e prepara-se para ser a primeira ‘fintech’ portuguesa a atingir os 1000 milhões de euros de acumulados em pagamentos, depois de estes terem crescido 45% no ano passado, com a empresa atingir um volume de negócios de 1,4 milhões de euros.

As ‘fintech’ são empresas de serviços financeiros baseadas em tecnologia, e de acordo com World Fintech Report 2018, ao «inovarem com as tecnologias emergentes estão a impulsionar a revitalização da jornada dos clientes no setor dos serviços financeiros». O documento, elaborado pela Capgemini e pelo LinkedIn, considera que «o aumento da concorrência e das expectativas dos clientes são responsáveis por níveis de exigência cada vez mais elevados no que diz respeito a serviços mais convenientes e personalizados», acrescentando que as ‘fintech’ usam os «dados sobre os seus clientes para proporem ofertas mais personalizadas e para disponibilizarem serviços online, aos quais é possível aceder» em permanência.

No entanto, salienta o World Fintech Report 2018, «os clientes dos serviços financeiros confiam mais nas marcas das empresas tradicionais do que nas das ‘fintech’», pelo que a «colaboração será a chave para garantir o sucesso a longo prazo quer das ‘fintech’ quer das instituições financeiras tradicionais».

Mas para que desenvolvam parecerias bem sucedidas, acrescenta o relatório, as «empresas terão, no entanto, que ser capazes de superar vários obstáculos». O World Fintech Report 2018 aponta que para mais de 70% dos gestores das ‘fintech’ «os maiores obstáculos que enfrentam na colaboração com as instituições financeiras tradicionais é a sua falta de agilidade», ao passo que as instituições financeiras tradicionais consideram «os impactos negativos na perceção da confiança dos clientes, na marca e a mudança que será necessário realizar nas suas culturas internas» como os principais desafios.

Mas um pouco por todo o mundo têm proliferado as experiências deste tipo de colaboração e um deles é a Ifthenpay, ‘fintech’ portuguesa que oferece uma solução, ligada em permanência à SIBS, para que empresas de comércio eletrónico permitam pagamentos com referências de multibanco.

O crescimento da Ifthenpay está relacionado com a popularidade da referência multibanco em Portugal, que de acordo com a empresa, é o método usado pela maioria dos portugueses. 36% afirma usar o método via caixas multibanco e mais de 60% através do homebanking. Nas lojas online, a preferência dos clientes por este método de pagamento sobe para o 80%. 

A Ifthenpay, especializada na emissão e gestão de referências multibanco para empresas e líder deste segmento em Portugal, ultrapassou as 11 mil entidades aderentes ao seu serviço em 2017. Começou em 2005 e no final de março ou abril deverá chegar a um total acumulado de 1000 milhões de euros.

Filipe Moura, sócio-gerente e cofundador, conta como surgiu a ideia. Em 2005 «algumas corporações de bombeiros, tinham a dificuldade de fazer os recebimentos das quotas dos seus associados, de uma forma simples e eficaz» e tendo a SIBS um serviço de qualidade no multibanco, «tivemos a ideia de partilhar uma entidade multibanco com todas estas corporações, oferecendo o serviço chave na mão a cada uma delas». Ao longo do tempo o serviço foi alargado «a todas as empresas de qualquer setor e dimensão, que queiram ter melhores recebimentos à distância, a custos muito baixos, e pronto a funcionar». 

A Ifthenpay, que tem dez trabalhadores, cobra 70 cêntimos por cada referência multibanco paga, seja qual for o valor desta.