Vêm aí mais chuva, ventos fortes e agitação marítima em toda a costa

O estado do tempo vai piorar a partir desta quarta-feira. Depois de atingir ontem os Açores, a depressão Gisele chega hoje a Portugal continental e à Madeira. Ainda assim, fonte da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) assegura ao i que as condições meteorológicas não irão agravar-se tanto quanto se verificou no último fim de…

“Relativamente aos dados que temos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), na orla costeira está aviso amarelo, e no fim de semana passado chegou a estar aviso laranja”, explicou ao i o adjunto Manuel Cordeiro. Assim, para hoje prevê-se um agravamento da precipitação, bem como vento forte ao longo de todo o dia – com rajadas que podem atingir os 100 quilómetros por hora. As autoridades alertaram ainda para a queda de neve e para agitação marítima em toda a orla costeira, com ondas que podem atingir quatro a cinco metros – ocorrência que pode vir a prolongar-se até sexta-feira. Quanto à temperatura, segundo o IPMA, vão registar-se descidas da mínima a partir de amanhã. Depois prevê-se que o mercúrio volte a subir e estabilize.

Em comunicado, a ANPC alertou para a “possibilidade de queda de ramos ou árvores”, “piso escorregadio” e “possibilidade de cheias rápidas em meio urbano”. A entidade aconselha, por isso, a população a adotar comportamentos adequados. Deve–se, portanto, ter especial cuidado na circulação e permanência junto a áreas arborizadas, adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade, e evitar atravessar zonas inundadas. Devido à agitação marítima, a ANPC desaconselha ainda a prática de atividades relacionadas com o mar.

Prejuízo

O mau tempo chegou ao país há cerca de duas semanas e não são poucos os estragos que já provocou.
Depois de dois tornados terem atingido o Algarve – um com maior intensidade do que outro –, a Câmara Municipal de Faro informou no início da semana, em comunicado, que a chuva e os ventos extremos que atingiram a região resultaram em prejuízos superiores a sete milhões de euros. Nesta conta da autarquia entram danos em espaço público urbano, habitações, explorações agrícolas e estruturas de empresas.

“Entre litoral, estruturas de empresas, habitações, explorações agrícolas e espaço público urbano, os danos ascendem a mais de 7 milhões de euros – trata-se do maior prejuízo causado por fenómenos climatéricos na história contemporânea do concelho”, precisa a Câmara Municipal de Faro, que pede “soluções adequadas para os problemas existentes”.

Seca sem fim à vista?

Ao “Diário de Notícias”, o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, afirmou no domingo que choveu “praticamente o dobro do que é habitual em março”. Pode haver, por isso, “alguma tranquilidade de que as culturas de primavera/verão vão poder realizar-se”, assegurou, já que março parece estar a quebrar a tendência de janeiro e fevereiro, dois meses secos.

A chuva que tem caído, ainda assim, não é solução total para o problema da seca que tem vindo a assolar o país desde o ano passado. “Ainda não é o fim do problema da seca, mas é já parte da sua resolução”, disse o ministro. Se a norte do Tejo as barragens estão a recuperar, o mesmo já não se pode dizer do sul. Há 12 albufeiras com volumes inferiores a 40% – oito na bacia do Sado, uma no Tejo e três na bacia do Guadiana.