Paulo Baldaia não continuará a ser diretor do Diário de Notícias. Em comunicado interno aos seus colegas, a que o i teve acesso, Baldaia anunciou que abandonará o cargo de diretor do jornal por assumir "com tristeza e com a necessária humildade (…) não ser o líder de que o DN necessita neste momento".
Entre a citação de José Saramago e a referência a Eça de Queirós, passando pela história do jornal, Baldaia explicou que só agora se pronunciou por considerar que "falar antes do tempo seria egoísta" e julgar-se "mais importante que a instituição e colectivo de pessoas que faz o jornal". O só agora foi depois da administração da Global Media ter anunciado a sua saída e a escolha de Ferreira Fernandes e Catarina Carvalho para a direção.
Para o agora ex-diretor, o Diário de Notícias precisa de se renovar, posição assumida pelos "accionistas, pela Administração, pela Comissão Executiva e pela Direção do jornal", mas também por si próprio. "Sonhei fazer diferente e não foi possível", confessou, referindo ainda que "outros terão a energia necessária para liderar esse caminho".
"Mais do que nunca, o jornalismo precisa de profissionais que não se deixam cair na tentação do clique fácil. Jornalistas para quem estar o mais próximo possível da verdade é a ambição. Jornalistas que não navegam a crista da onda, nem cedem ao populismo, antes procuram mergulhar de forma profunda nas questões que determinam a organização da sociedade de que fazem parte", afirmou no comunicado. No atual contexto informativo, "não são, e nunca serão, as redes sociais", considera, "que nos informam com isenção do que se passa no mundo". Perante a "anarquia informativa", os jornalistas devem ver a "sua atividade profissional como uma missão", a de "informar com verdade para que todos possam decidir em liberdade".
Relembrando que tem quase 30 anos de jornalismo, Baldaia diz que continuará a sê-lo, depois de um período em que esteve como diretor. Para já, continuará na Global Media, mas como colaborador.
Por fim, deixou uma mensagem aos seus companheiros de direção, caraterizando-a como a "melhor direção que podia pedir. Gente leal e trabalhadora, dos melhores jornalistas que o país tem". "Sorte do jornal que os vai manter, alinhando com o Ferreira Fernandes e com a Catarina Carvalho". Paulo Tavares, Leonídio Paulo Ferreira e Joana Petiz que deverão integrar a nova direção.
No domingo passado, Luís Marques Mendes, comentador e ex-líder do PSD, anunciou no seu comentário semanal na SIC que José Ferreira Fernandes e Catarina Carvalho seriam nomeados para a direção do Diário de Notícias. Mais tarde, a Comissão Executiva da Global Media confirmou essa informação.
Em comunicado a que o Público teve acesso, a Comissão Executiva adiantou que a equipa de Paulo Baldaia seria "convidada a fazer parte da nova direção". O mesmo comunicado acrescentava ainda que Paulo Baldaia deixaria de ser diretor esta terça-feira, mas que continuaria a "colaborar com as marcas de informação do grupo em termos proximamente a anunciar", informação confirmada pelo próprio Baldaia.
Nas últimas semanas levantou-se a possibilidade do Diário de Notícias passar a semanário no papel (mantendo-se nos outros dias apenas a versão online), publicando ao domingo, dia com maior número de vendas, para evitar a perda crescente de leitores. No ano passado, o jornal vendeu em média 9893 exemplares por dia, uma quebra de cerca de 16% nas vendas.