Ucrânia. Savchenko, a heroína da revolução, é detida por tentativa de golpe

Procurador ucraniano divulgou vídeos nos quais a ex-militar aceita lançar um golpe contra o governo. 

A mulher que em tempos foi a cara da revolução ucraniana foi esta quinta-feira detida em plena sessão parlamentar por estar alegadamente a planear um golpe de Estado com armas fornecidas pelos mesmos separatistas pró russos contra os quais combateu.

Nadiya Savchenko foi presente às acusações na terça e esta quinta-feira perdeu a imunidade diplomática num invulgar espetáculo parlamentar. O procurador ucraniano emitiu gravações de investigadores disfarçados nas quais a antiga piloto de helicóptero concorda em lançar um golpe contra o governo. Noutras imagens, Zavchenko surge tentando aliciar militares a participar no golpe. No final, votado o fim da imunidade parlamentar, Savchenko foi detida.

A ex-militar não nega as acusações, ou tão-pouco a necessidade de um golpe de Estado, mas assegura que os investigadores a querem tramar e que apenas fingiu alinhar no golpe para mais tarde denunciá-lo à justiça. De acordo com o procurador-geral, Yuriy Lutsenko, Zavchenko estaria a preparar “um grande atentado terrorista” em Kiev, que seria levado a cabo com armas fornecidas pelos rebeldes russófilos no leste.

Essas armas, diz o procurador, seriam morteiros de 120 milímetros, pistolas, espingardas furtivas e granadas de combate. A ex-militar, para além disso, estaria a colaborar também com Volodymyr Ruban, o funcionário de governo detido no início do mês transportando armas e explosivos.

Nadiya Savchenko sorriu ao longo dos vídeos emitidos no Parlamento e acusou o executivo de trair os ideais da revolução de 2014. Savchenko, que passou dois anos prisioneira na Rússia sob acusações de ter matado dois jornalistas nos combates, foi recebida em júbilo na chegada ao país, em 2016, ano em que ocupou o lugar de deputada para o qual foi eleita na prisão.

“Isto é a única coisa de que as autoridades são capazes”, afirmou esta quinta no Parlamento, “acusar-me de traição contra a Ucrânia, e fazer anti-heróis dos heróis de ontem, simplesmente porque não concordam com as políticas e posições do governo atual”.