Quando Armando Rocha faleceu em janeiro deste ano lamentei que não pudesse testemunhar a assinatura de protocolo de utilização, exploração e gestão do Complexo de Ténis do Jamor, entre o Estado português e a Federação Portuguesa de Ténis (FPT), à qual ele presidiu entre 1981 e 1983.
Essa assinatura estava prometida desde que a FPT celebrou o seu 90.º aniversário, mas as negociações foram-se prolongando até ser possível a sua concretização nos festejos do 93º, no passado dia 16.
Uma espera irrelevante, se considerarmos que Armando Rocha foi o primeiro presidente a manifestar (algum) interesse da federação em tomar conta daquela histórica infraestrutura do Centro Desportivo Nacional do Jamor.
Quando Manuel Cordeiro dos Santos iniciou o seu segundo mandato de presidente, em 1991, o tema reavivou-se, embora, verdade se diga, só tenha passado seriamente para a agenda mediática da FPT no mandado de Paulo de Andrade, a partir de 1997.
Nessa altura, já o empresário João Lagos reclamava pela gestão do ténis no Estádio Nacional. O seu Estoril Open tinha nascido como evento do ATP Tour em 1990 e beneficiaria se o promotor do torneio fosse também o gestor do espaço e pudesse construir infraestruturas fixas, em vez de andar a montar e desmontar tendas. João Lagos prometia que num cenário desses, a FPT seria convidada a sediar-se de novo no Jamor.
Paulo de Andrade defendia, por seu lado, o inverso, ou seja, que a gestão das infraestruturas deveria ser da responsabilidade da FPT, mas acrescentava que o Estoril Open teria sempre condições privilegiadas na utilização do espaço.
Em 2010, com José Maria Calheiros como presidente da FPT, o Estado construiu a nave de courts cobertos do Estádio Nacional, onde atualmente funciona o Centro de Alto Rendimento Jogos Santa Casa, dirigido pela FPT.
Mas a vontade vincada da FPT ‘mandar’ na totalidade do ténis do Jamor só regressou de forma sistemática com os mandatos de Vasco Costa, iniciados em 2013.
O desaparecimento do Estoril Open/Portugal Open do Jamor e o nascimento, em 2015, de um novo torneio do ATP World Tour, o Millennium Estoril Open, no Clube de Ténis do Estoril, facilitou ainda mais as pretensões da FPT ao Jamor e Vasco Costa tem gerido este ‘dossier’ com enorme profissionalismo e perseverança.
Foi um longo processo de quase 40 anos que terminou em beleza no passado dia 16, com as assinaturas de Vasco Costa pela FPT, Augusto Baganha pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, e João Paulo Rebelo pela Secretaria de Estado do Desporto e Juventude.
Foi um dos momentos mais importantes e estruturantes na história da FPT.