Grupos de extrema-direita ganham força em Portugal

Relatório Anual de Segurança alerta para a intensificação de contactos internacionais e para um reforço de propaganda online e de iniciativas organizadas por grupos de extrema-direita

Os grupos organizados de extrema-direita estão a ganhar força em Portugal. Este é um dos alertas lançados pelos serviços de segurança no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2017 onde dão conta da existência de «novas organizações e movimentos de extrema-direita em Portugal» e de «novos fenómenos» ligados a estes grupos, lê-se no documento ontem divulgado no site do Parlamento.

De acordo com o relatório, no ano passado, em Portugal, os grupos extremistas «intensificaram os contactos internacionais», «desenvolveram um esforço de convergência dos seus diferentes setores (identitários, nacional-socialistas ou skinheads)» e «aproximaram-se das principais tendências europeias na luta pela reconquista da Europa pelos europeus».

Como tendência, as forças de segurança detetaram «um reforço da propaganda online e da multiplicação de iniciativas com alguma visibilidade» como concertos, conferências, apresentação de livros e protestos.

Estes dados são conhecidos após ter tido lugar na última semana uma rixa num restaurante de Loures  entre grupos da extrema-direita: os Red & Gold, do qual fará parte Mário Machado, e os Hell’s Angels.

Sobre esta tendência o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, salienta que o país está atento «a todos os fatores de risco», frisando que a realidade portuguesa está muito longe da de outros países da Europa.

Menos crime nas escolas

O RASI revela também que a criminalidade nas escolas está a baixar. No ano passado, foram registados 7.066 ilícitos em ambiente escolar. Destes, mais de metade ocorreram em escolas de Lisboa e Porto e 63% foram de natureza criminal. O número traduz uma redução de 6,9% de casos face ao ano anterior e de uma diminuição de 6,2% nas ocorrências de foro criminal.

Fora das escolas, o crime que mais cresceu face a 2016 foi o de moeda falsa – mais 246%. Eduardo Cabrita explicou que este aumento resulta de «meras razões estatísticas», uma vez que a PJ «registou em 2017 um conjunto de processos relativos a vários anos». Ou seja, o ministro entende que esta subida «não corresponde a nenhum fenómeno generalizado de crescimento de circulação de moeda falsa no país».

 Aumentaram ainda ilícitos relacionados com burlas – sobretudo em casos de vendas e arrendamento de habitações – e com incêndios florestais, este último na ordem dos 27%. No ano passado a criminalidade violenta e grave desceu 8,7%, em relação a 2016, ao passo que os crimes gerais subiram 3,3%, refere o relatório, traduzindo «a consolidação de uma tendência de redução» que se tem vindo a registar nos últimos dez anos.