Em 2017, o tempo de espera por uma consulta em mais de dez hospitais de todo o país continuava acima dos dois anos. Segundo s últimos dados disponíveis no portal do Ministério da Saúde, a 30 de novembro de 2017, pelo menos 74 consultas tinham um prazo médio de tempo de espera acima de um ano, afetando cerca de 100 mil doentes.
Das 74 consultas, 14 ainda têm de esperar mais de dois anos para conseguirem marcar uma consulta de especialidade. Um dos casos mais problemáticos é o da consulta de dermatologia no hospital de Aveiro, que tem um tempo médio de espera de três anos para uma consulta deveria ser marcada em dois meses.
Segundo o Diário de Notícias, os tempos de espera elevados devem-se à falta de médicos especialistas e de vagas. O jornal contactou o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) que explicou que “os tempos elevados se justificam pelo insuficiente número de médicos” de especialidade e que já foram solicitadas vagas mas que ainda nada foi atribuído. “Atendendo à evidente carência de especialistas de dermatologia, no CHBV, afigura-se crucial a atribuição desta vaga, por parte da tutela, e deveria ser evitado, a todo o custo, a contratação direta de especialistas por outros hospitais da zona centro”, referiu.
O ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e diretor do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Américo Figueiredo, explicou que estes atrasos estão relacionados com o facto de as vagas ficarem “desertas porque não se pode abrir só uma, tem de se aguardar dois ou três anos para conseguir abrir mais vagas. Nenhum jovem médico vai para um lugar onde no dia seguinte terá centenas de doentes em lista de espera e ninguém mais velho com quem se aconselhar, até porque têm outras alternativas, até no privado”.