Uma baleia que deu à costa em Murcia, em Espanha, no passado mês de fevereiro, tinha no estômago cerca de 29 quilos de plástico no estômago.
De acordo com o governo regional de Murcia, o animal ingeriu sacos de plástico e redes de pesca. A autópsia revelou que a baleia não conseguiu digerir estes objetos, que acabaram por ficar presos no peritónio, a membrana que cobre a parede abdominal.
"A presença de plástico nos mares e oceanos é uma das maiores ameaças à conservação da vida selvagem em todo o mundo, já que muitos animais ficam presos no lixo ou ingerem grandes quantidades de plástico que acabam a causar-lhes a morte", afirmou Consuelo Rosauro, diretor-geral do governo regional.
Na sequência deste acontecimento, Murcia lançou uma campanha para reduzir a quantidade de lixo plástico nos oceanos, iniciativa essa apoiada pelo Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional e pela Associação Europeia do Meio Ambiente.
Recorde-se que um estudo publicado em 2017 revelou que, em 2050, os oceanos vão ter, em peso, mais plástico do que peixes. De acordo com o relatório divulgado pelo Fórum Económico Mundial, estima-se que, atualmente, mais de 150 milhões de toneladas de plásticos poluam os oceanos. Se em 2014 a proporção entre as toneladas desse material e as de peixe era de um para cinco, supõe-se que, em 2025, essa proporção passe a ser de um para três.
A cada ano, pelo menos oito milhões de toneladas de plásticos são despejadas no oceano, ou seja, o equivalente a despejar um camião de lixo no oceano por minuto. Caso nada seja feito, a previsão é que em 2030 falemos de dois camiões por minuto, número que sobe para quatro em 2050, explica o relatório.
Para reverter este cenário, o estudo propõe a criação de um novo sistema para reduzir o desperdício de plástico na natureza, especialmente nos oceanos, e incentiva à procura de alternativas ao petróleo e ao gás natural na produção desse material. Caso não seja encontrada uma alternativa, essa indústria deverá consumir 20% da produção petrolífera em 2050.