Vários órgãos de comunicação referiam ontem que o Papa Francisco referiu-se a Santo António como sendo de Lisboa e não de Pádua. No entanto, esta informação está incompleta: esta referência é feita apenas na tradução portuguesa do texto divulgado esta semana pela Santa Sé. Nas restantes versões (em inglês, francês, espanhol e italiano, por exemplo), a citação é atribuída a Santo António de Pádua.
“São Francisco de Assis, ao ver que alguns dos seus discípulos ensinavam a doutrina, quis evitar a tentação do gnosticismo. Então escreveu assim a Santo António de Lisboa: «Apraz-me que interpreteis aos demais frades a sagrada teologia, contanto que este estudo não apague neles o espírito da santa oração e devoção»”, lê-se na versão portuguesa da exortação apostólica Gaudete et Exsultate. No entanto, lendo as restantes versões disponibilizadas em diferentes línguas, o Papa Francisco cita sempre Santo António de Pádua.
Santo António nasceu em Lisboa, por volta do ano 1191, e morreu em Pádua, na Itália, a 13 de junho de 1231. O seu corpo está sepultado na Igreja de Santa Maria Mater Domini, naquela cidade italiana. É considerado o padroeiro de Lisboa, mas o patrono da diocese da capital portuguesa é São Vicente.
No texto, Francisco cita outros santos, como São Paulo, São Francisco de Assis. São Bento e São Agostinho, dizendo que a “santidade é o rosto mais belo da Igreja” e lembrando que “para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso”.
Papa volta a afirmar que o diabo existe
Nesta exortação, o Papa Francisco voltou a defender a existência do diabo: “Não pensemos que [o diabo] é um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia. Este engano leva-nos a diminuir a vigilância, a descuidar-nos e a ficar mais expostos. O demónio não precisa de nos possuir. Envenena-nos com o ódio, a tristeza, a inveja, os vícios.”
Para além disso, o Papa fez ainda um apelo de combate ao consumismo: “Se não cultivarmos uma certa austeridade, se não lutarmos contra esta febre que a sociedade de consumo nos impõe para nos vender coisas, acabamos por nos transformar em pobres insatisfeitos que tudo querem ter e provar.”
“Todos, mas especialmente os jovens, estão sujeitos a um zapping constante. É possível navegar simultaneamente em dois ou três visores e interagir ao mesmo tempo em diferentes cenários virtuais. Sem a sapiência do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das tendências da ocasião”, acrescentou.